Uma Política Cultural Diferente
"E o livro? Que papel pode ser o do Estado neste domínio? Seguramente e desde logo, utilizar as novas tecnologias para prolongar a vida do livro e aumentar a sua difusão. Em França, a digitalização empreendida pela Biblioteca Nacional vai no bom sentido, que é o de disponibilizar a todos do seu fundo e aos investigadores as obras mais especializadas e de mais difícil acesso, sem abandonar apenas à lógica do mercado a escolha dos livros a digitalizar. Todavia, isto não é suficiente. Sabendo-se que num país como a França o analfabetismo representa 9% da faixa etária compreendida entre os 18 e os 65 anos e que são mais do dobro os que têm grandes dificuldades em interpretar um texto simples, a prioridade evidente duma política que pretenda democratizar a cultura e lutar contra o que um relatório do movimento ATD-Quart Monde designa justamente como “a cultura truncada” deve ser a aprendizagem da leitura, problema que não afecta apenas os países subdesenvolvidos. A lógica de uma verdadeira democratização cultural é começar pelo princípio!
Depois disso, podem ter lugar outras formas de intervenção pública, cujo papel não é imiscuir-se no mercado do livro, mas contribuir para a diversificação e impedir que as publicações de interesse não comercial fiquem condenadas por não serem rentáveis. Neste caso, cabe ao mercado solicitar a ajuda do Estado em sectores particulares- domínios especializados do saber, traduções, reedições de grandes textos que a lógica do mercado por si só não justifica, livros difíceis-, não é o estado que se deve substituir ao mercado. Um organismo como o CNL (Centre national du livre) é a este respeito exemplar. A sua acção poderia ser alargada do domínio puramente cientifico ao sector económico: tal como fazem para as publicações, os seus comités de especialistas poderiam tratar dos dossiês de apoio, subsídios e empréstimos às pequenas livrarias, aos pequenos editores e aos centros de publicação e de difusão regionais.
A batalha do livro, na qual o preço fixo constitui um elemento indispensável de sobrevivência, consiste, no caso do Estado, em manter vivo o livro.
Insubstituível, o livro é em si mesmo uma porta de acesso à reflexão, ao saber, à beleza e ao imaginário."
A Cultura-Mundo, Resposta A Uma Sociedade Desorientada, Gilles Lipovetsky, Jean Serroy, Edições 70
"E o livro? Que papel pode ser o do Estado neste domínio? Seguramente e desde logo, utilizar as novas tecnologias para prolongar a vida do livro e aumentar a sua difusão. Em França, a digitalização empreendida pela Biblioteca Nacional vai no bom sentido, que é o de disponibilizar a todos do seu fundo e aos investigadores as obras mais especializadas e de mais difícil acesso, sem abandonar apenas à lógica do mercado a escolha dos livros a digitalizar. Todavia, isto não é suficiente. Sabendo-se que num país como a França o analfabetismo representa 9% da faixa etária compreendida entre os 18 e os 65 anos e que são mais do dobro os que têm grandes dificuldades em interpretar um texto simples, a prioridade evidente duma política que pretenda democratizar a cultura e lutar contra o que um relatório do movimento ATD-Quart Monde designa justamente como “a cultura truncada” deve ser a aprendizagem da leitura, problema que não afecta apenas os países subdesenvolvidos. A lógica de uma verdadeira democratização cultural é começar pelo princípio!
Depois disso, podem ter lugar outras formas de intervenção pública, cujo papel não é imiscuir-se no mercado do livro, mas contribuir para a diversificação e impedir que as publicações de interesse não comercial fiquem condenadas por não serem rentáveis. Neste caso, cabe ao mercado solicitar a ajuda do Estado em sectores particulares- domínios especializados do saber, traduções, reedições de grandes textos que a lógica do mercado por si só não justifica, livros difíceis-, não é o estado que se deve substituir ao mercado. Um organismo como o CNL (Centre national du livre) é a este respeito exemplar. A sua acção poderia ser alargada do domínio puramente cientifico ao sector económico: tal como fazem para as publicações, os seus comités de especialistas poderiam tratar dos dossiês de apoio, subsídios e empréstimos às pequenas livrarias, aos pequenos editores e aos centros de publicação e de difusão regionais.
A batalha do livro, na qual o preço fixo constitui um elemento indispensável de sobrevivência, consiste, no caso do Estado, em manter vivo o livro.
Insubstituível, o livro é em si mesmo uma porta de acesso à reflexão, ao saber, à beleza e ao imaginário."
A Cultura-Mundo, Resposta A Uma Sociedade Desorientada, Gilles Lipovetsky, Jean Serroy, Edições 70
1 comentário:
Onde andam esse e o livro abaixo deste que passei na livraria e não os vi?
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