quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Bolha sem Ar


“Filas e mais filas de estantes muito altas, todas elas a abarrotar de livros, dezenas de milhares de livros, centenas de milhares de livros, um milhão de livros, e, por vezes, até tu, que adoras livros tanto quanto é possível adorá-los, ficas estupefacto, ansioso, mesmo nauseado, quando pensas nos biliões de palavras, nos triliões de palavras que esses livros contêm. Todos os dias, estás desligado do mundo durante uma série de horas, habitas um território que acabas por comparar a uma bolha sem ar, ainda que haja por certo ar, visto que tu respiras, mas é um ar morto, o mesmo ar de há vários séculos, e, nesse meio sufocante, tu sentes-te entorpecido, sonolento, e tens de lutar contra a vontade a vontade de te deitares no chão e de adormeceres.”
Paul Auster in Invisivel

Estou a fazer inventário, balanço, listar, enumerar, tudo isto e mais, dores de costas, pés inchados, dores nos braços, olhos trocados, é caso para dizer que esta vida de livreiro está a dar cabo de mim. Chega-te ano novo.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Turismo Cultural para a Nova Década

Caça ao Anjo, António Dacosta, 1984

Interrogando-nos sobre a definição deste tipo de turismo, que consegue qualificar como nenhum outro, os locais de destino. Quem são estes turistas que se tornam nos melhores embaixadores das regiões que visitaram? Como é que uma região se torna um destino cultural incontornável e que impacto é que isso pode ter na sua economia? Locais que atraem milhares de visitantes com uma combinação impar entre património histórico e criatividade contemporânea. Seremos nós competitivos e concorrenciais se a nossa oferta turística se alicerçar só nas nossas potencialidades naturais? Não acredito.
Os Açores têm condições para ser uma referência no campo do turismo cultural. Têm um património histórico único, uma literatura, e uma forte e nova geração de criadores nas mais diversas áreas da cultura. O contexto perfeito para o cruzamento entre história, património e cultura contemporânea. Ou seja, a cultura é algo de transversal e deve ser objecto de uma conjugação de esforços que una Governo Regional, autarquias e sociedade civil. Uma visão integradora da cultura, criando sinergias ao serviço do desenvolvimento sustentável da nossa Região. Infelizmente o que assistimos é a real possibilidade de aniquilamento daquilo que levou séculos a ser construído; revitalizações apressadas de centros históricos, hostilidades políticas que levam a duplicar projectos (como é o caso dos centros de arte contemporânea) e autenticas aberrações arquitectónicas. Deixar-nos cair no disparate de não respeitar a preservação da atmosfera própria de um sítio, que o torna único e irrepetível. Temos que criar um modelo diferenciado e sustentável, em paralelo com uma hotelaria cada vez mais qualificada, o turismo cultural pode constituir uma mais-valia única no âmbito da nossa estruturação económica e social
Há aqui futuro, haja vontade e inteligência política.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal


" O valor de um presente não está naquilo que se dá ou faz, mas na intenção de quem o deu ou fez."
Séneca

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Renata Correia Botelho lança "Um circo no nevoeiro" nos Açores from ARTilharia TV on Vimeo.

O evento decorreu na livraria Solmar em Ponta Delgada. O livro, de poesia, foi apresentado pela Professora Doutora Rosa Goulart, docente da Universidade dos Açores

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Renata Correia Botelho lança livro

A Livraria SolMar Artes e Letras tem o prazer de convidar V.Exa e família para o lançamento do livro
Um Circo no Nevoeiro
de
Renata Correia Botelho.
A apresentação da obra será feita pela Profª. Doutora Rosa Goulart.
15 Dezembro 2009, terça-feira, pelas 20h30m, na SolMar

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Perfeito Anormal

: Com o sucesso,eles normalmente aparecem...Sente que começa a ter inimigos?
Não, antes pelo contrário. Identifico-me com uma coisa que o Salinger diz ( e ele, ao que sei, identifica-se com imensas que eu digo): sou uma espécie de paranóico ao contrário. Sinto que as pessoas conspiram nas minhas costas para me fazerem feliz.
RAP in Playboy

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Homem do Ano Na SolMar

RAP dia 12 Dezembro, pelas 16h00,na Livraria SolMar

A Playboy Portugal elegeu como homem do ano o humorista Ricardo Araújo Pereira.

"é, desde 2003, presença assídua nas vidas de todos os portugueses. Assume-se em 2009 com um estatuto ímpar, provando a sua influência em todos os quadrantes sociais e políticos" directora de comunicação da revista, em comunicado. in expresso.pt

É caso para dizer que este é um número que os senhores poderão levar para casa pois as mulheres agradecem.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

75 anos da Mensagem

Uma edição fac-similada do original dactiloscrito da Mensagem de Fernando Pessoa, foi lançada ontem comemorando os 75 anos da edição original.
Do Universo das letras portuguesas, Fernando Pessoa é hoje considerado, um dos maiores vultos da poesia europeia do século XX.
Esta edição " aproxima (o leitor) do próprio fabrico de Fernando Pessoa" - Richard Zenith




domingo, 29 de novembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A BONECA DE TRAPOS VAI VIAJAR

A Publiçor Editores e a Livraria SolMar Artes e Letras têm o gosto de convidar para o lançamento do livro de teatro infanto-juvenil
A BONECA DE TRAPOS VAI VIAJAR
e outras Peças
de Natália de Almeida
com desenhos de Urbano
Amanhã 27 de Novembro, pelas 21h00, na livraria.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Os Gatos São Mesmo Assim!

35 milhões de fãs na internet, e agora em livro O Gato do Simon

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Flora Açoriana Analisada



Dia 26 de Novembro, pelas 18h30, será apresentado na Livraria SolMar, o livro Flora Vascular dos Açores - Prioridades em Conservação, uma edição dos Amigos dos Açores.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Novo livro de Onésimo



Lançamento hoje pelas 21h30, na Biblioteca Pública de Ponta Delgada, com a presença do autor.


Este livro pretende apenas levantar questões, interrogar-nos sobre as implicações teóricas (sobretudo no domínio da ética) do paradigma darwinista que no universo intelectual suplantou hoje o marxismo como explicação última do mundo. Não nos iludamos sobre a razão contida na frase de Theodosius Dobzhansky: "Nada em biologia faz sentido excepto à luz do evolucionismo". Mas os equivocos abundam por todo o lado, porque aquilo que nos chega por moda não tem peso de convicção. Para além de Marx e Darwin, há reflexões a fazer que nos ajudem a assentar um pouco os pés no chão e a perceber melhor o que à nossa volta é ainda escuro. Para não nos deixarmos cair em buracos negros desintegrando o nosso universo interior, como na cena final de 2201:Odisseia no Espaço.


O Autor:

Onésimo Teotónio Almeida é doutorado em filosofia pela Brown University (EUA), onde é Professor Catedrático no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros e no Wayland Collegium for Liberal Learning, dedicando grande parte da sua investigação ao problemo da formação de mun-dividências, ideologias e valores.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Inacessivel ao Leitor Apressado

Roberto Bolaño

Se fosse uma data, o título 2666 pareceria antecipar um inevitavelmente póstumo trabalho. O romance, que Bolaño escreveu pouco antes de morrer, abre com uma semente do Mal, transformada pelas cinco partes do livro no sonho de um escritor, Benno von Archimboldi. Na primeira parte, quatro críticos literários procuram-no nos seus textos enquanto as suas vidas se envolvem com ele, acabando por senti-lo nas ruas de Santa Teresa, uma versão disfarçada da mexicana Ciudad Juárez. Na segunda parte, a mesma cidade é o claustro onde o filósofo Amalfitano ensina, lê, recorda a mulher que o deixou, e imagina como escapar para encontrar Rosa, a sua filha adolescente. Na terceira, um jornalista desportivo chamado Destino chega a Santa Teresa para a cobertura de um desafio de boxe, mas acaba por envolver-se na investigação de crimes contra mulheres ocorridos na cidade. Esta teia leva à quarta parte, o verdadeiro coração negro do romance; uma impiedosa e exaustiva sucessão de assassínios, as suas datas e a sua fútil investigação. No final da última parte, assistimos à reaparição de Archimboldi, o pseudónimo de um escritor alemão que parece ter atravessado o Século XX apenas para chegar a Santa Teresa. Num desafio inacessivel ao leitor apressado, Bolaño demonstra em 2666, que consegue escrever como mais ninguém e como quiser, combinando a reflexão abstracta mais extrema com acção de tirar o fôlego. E assinando tudo isso com a sua inconfundível assinatura esquerdina.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Contas da Vida

No tempo em que os quatro anos da Escola Primária muniam, iam munindo, o alforge do nosso saber com uma musculada desenvoltura de conhecimentos, um implacável domínio da língua, um superior manejo do cálculo e um indelével uso da memória, nesse tempo em que ao diploma da quarta classe era atribuído, pelo seu estatuto de exigência, lugar cativo no muro das habilitações, eu estava predestinado para uma fecunda lide com a Matemática e/ou ciências “afins”.
- “Podes ter a certeza, Botelho! Foste feito para os números, e eles são o teu caminho!”, diziam-me, com ternura e entusiasmo, o Professor Raposo Silva e o Professor Rafael.



Eu quase não entendia aquela ideia de os números serem o meu caminho, mas não duvidava, nem duvido, da acertividade do seu julgamento.
O que eles não podiam prever, nem introduzir como variável no seu entusiasmo, aconteceu no meu primeiro ano do Liceu Nacional de Ponta Delgada.
Não recordo as notas – (vermelhas de vergonha, certamente) – que, nesse longo então de três períodos, alcancei em Matemática, mas a minha memória não esquece, nem perdoa, a aridez pedagógica com que foi recompensado o meu interesse, a minha vontade, o meu querer entender aquela nova e encantatória gramática de números e algarismos.
Cedo o meu apego a esse lume de inquietude intelectiva perdeu a chama, cedo se transformou em cinza de quase nada, cedo a Matemática vestiu a noite de pesadelos.



Relembro este episódio da minha vida, porque tenho andado a revisitar a obra de José Gomes Ferreira, poeta e prosador que é, desde sempre, um pássaro poisado na estante dos meus dias.
A determinado passo do seu “O MUNDO DOS OUTROS”, pode ler-se: “ (…) A mim, foi um professor de matemática quem estragou a infância (…)”.
Pois é!
Estar bem acompanhado na desdita não adoça as lágrimas, mas afaga a face.



Curiosamente, ainda hoje gosto de lutar com as palavras sobre uma folha de papel quadriculado.
Sabe-se lá porquê! ...



Emanuel Jorge Botelho
in Jornal Terra Nostra

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Melhor Filme Açoriano

André Laranjinha ganhou Melhor Filme Açoriano com o título A NATUREZA E O ENGENHO no Faial Filmes Fest
Muitos parabéns.

domingo, 8 de novembro de 2009

SOS Cinema


Um cinema que divulgue obras contemporâneas e de autor, com uma programação assente na qualidade, diversidade, não sujeita aos critérios exclusivos do mercado.
A exibição dominada pelas salas da Castelo Lopes e com a facilidade que existe no cinema doméstico, cabe a essa sala alternativa criar e alimentar um público cinéfilo mais exigente e com sentido crítico, proporcionando ao espectador serviços associados, atendimento personalizado, serviço educativo, informação através de publicação e website sobre os filmes, sessões programadas e dirigidas, em vários formatos e géneros, da curta-metragem ao documentário, encontros com realizadores e críticos. Uma alternativa onde se possa conjugar outras artes e vários públicos não esquecendo o infantil e os idosos, um espaço não-elitista com o grande objectivo da defesa do cinema como uma expressão artística singular.
Em Ponta Delgada, isto só será possível com a sensibilização e conjugação dos poderes públicos (Autarquia, Governo regional, ICA – Instituto de Cinema e Audiovisual ), apoiar uma exploração consciente e sensata, para que seja possível ver outro cinema.

“ As únicas salas de cinema que cumpriram uma função, disse Charly Cruz, eram as velhas, lembras-te? Aqueles cinemas enormes que quando se apagavam as luzes o nosso coração se encolhia.
Aquelas salas, sim, eram verdadeiros cinemas, o mais parecido com uma igreja, tectos altíssimos, grandes cortinas vermelho grená, colunas, corredores com velhas alcatifas gastas, palcos, lugares de plateia, balcão ou galinheiro, edifícios construídos nos anos em que o cinema ainda era uma experiência religiosa, quotidiana, porém, religiosa, e que pouca a pouco foram demolidas para edificar bancos ou supermercados ou multicinemas.”

2666, Roberto Bolano

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Lançamento da mais recente reedição de "As Ilhas Desconhecidas", pela editora Artes e Letras, Ponta Delgada

Untitled from ARTilharia TV on Vimeo.

"As Ilhas Desconhecidas" de Raul Brandão - vídeo-livro

"As Ilhas Desconhecidas" de Raul Brandão. Um video-livro de Mário Roberto, a propósito da reedição deste clássico da literatura portuguesa, de novo disponível no mercado pela mão da editora Artes e Letras, sediada em Ponta Delgada





quinta-feira, 22 de outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A Casa dos Sentidos


As crónicas reunidas neste livro reportam-se a uma colaboração regular que, entre os anos 2007 e 2009, o autor manteve com o jornal Açoriano Oriental. A escrita foi um exercício que possibilitou, de forma mais clara e serena, sistematizar algumas das reflexões inerentes à arquitectura, sem no entanto cair num discurso excessivamente técnico e fechado.
Sérgio Fazenda Rodrigues, arquitecto, nasceu em 1973, em Lisboa. Frequentou a Universidade Lusíada, a Écolle d’Architecture de Paris-La Ville, a Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Foi representante de Portugal na 1ª Bienal de Jovens Criadores CPLP e o seu trabalho traduz-se nessa procura interdisciplinar entre artes plásticas e arquitectura.
O lançamento do livro realiza-se no proximo dia 22 Outubro pelas 20h30m, na livraria SolMar. A apresentação da obra estará a cargo do Arq. Igor França.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Francisco J.Viegas na SolMar Quarta-Feira dia 21 Outubro


Francisco José Viegas apresenta o seu novo romance O Mar em Casablanca

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Francisco José Viegas na SolMar


A Livraria SolMar tem o prazer de convidar Vossa Excelência para o lançamento do livro O Mar em Casablanca de Francisco José Viegas, no próximo dia 21 de Outubro, quarta-feira, pelas 20h30m.

Prémio Leya 2009

ROMANCE “O OLHO DE HERTZOG”, DE JOÃO PAULO BORGES COELHO, É O VENCEDOR DO PRÉMIO LEYA 2009

João Paulo Borges Coelho nasceu no Porto, em 1955, mas adquiriu nacionalidade moçambicana. É historiador. Ensina História Contemporânea de Moçambique e África Austral na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, e, como professor convidado, no Mestrado em História de África da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem-se dedicado à investigação das guerras colonial e civil em Moçambique, tendo publicado vários textos académicos em Moçambique, Portugal, Reino Unido, Espanha e Canadá. As Duas Sombras do Rio foi a sua primeira obra de ficção, editada pela Caminho.

domingo, 11 de outubro de 2009

Professor até à alma


Vi-o, ao longe, curvado sobre a tarde, poisando o caminhar na memória de um tempo muito antigo.
Parei o carro no logo que pude, apressei-me a ficar ao lado dos seus passos, e dei-lhe o amparo do meu braço com uma lágrima de saudade escondida dentro da mão.
- “Venha, Sr. Dr. João Bernardo. Eu levo-o a casa!”
- “Estamos quase lá, mas caíste-me do Céu!”


Quando estacionei o carro, num logo ali com três braças de distância, perguntei-lhe:
- “E se fôssemos aproveitar o sol e dar uma volta, devagarinho, pela estrada fora?”
Ele olhou para mim, esboçou um sorriso que me fez descer a ladeira de muitos anos, e disse-me: - “Vamos, rapaz!”
E fomos, e fomos recordando o Liceu Nacional de Ponta Delgada e as aulas de História que a sua doce sabedoria colocara no regaço do meu coração, e as traquinices, ingénuas, que a sua bondade sempre me perdoava, e o ano de “consumição” que lhe pendurei no calendário quando obtive o seu consentimento para gravar as aulas. (- “Eu queria contar-vos histórias da História e aquele aparelho à minha frente, para além de proibido, era antipático!”), e o raspanete que apanhei quando, a propósito das Raízes da Expansão Portuguesa, me pus a debitar princípios de Teoria Marxista. (-“Não eram disparate todas as tuas conclusões, mas colocaste a fé mais rasa do que um cesto!”); disse-me ele à saída da sala de aula.


Repetimos, por mais duas vezes, passeios de quase sem destino. E lembro-me que foi a caminho da Vista do Rei que, pela última vez, demos arrolamento ao que ainda queria ser lembrança.
Lá no cimo, com o seu braço enfiado no meu, o Dr. João Bernardo disse-me:
- “Teu tio-avô, o Padre José Jacinto Botelho, costumava afirmar que as nossas paisagens eram belíssimas para curar agnósticos e ateus. Tu acreditas em Deus?”
- “Eu prefiro dizer que acredito em Jesus Cristo…”, respondi.
- “Óptimo! Quando o Pai souber, convida-te para jantar…!”



O Dr. João Bernardo de Oliveira Rodrigues.
Professor até à alma, professor da minha alma, e meu grande amigo.


Emanuel Jorge Botelho
In Jornal Terra Nostra, 9 Outubro 2009.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Charlas


Cristóvão de Aguiar, em Charlas Sobre a Língua Portuguesa (Almedina, 2009), avança lições e apontamentos sobre os erros mais comuns cometidos pelos falantes da nossa língua, chamando à atenção para a forma como esta tem sido maltratada pelos “meios de comunicação social, políticos, estudantes, doutores, ministros da educação, locutores da rádio e da televisão…”, entre outros. Refere-se, ainda, aos blogues, asseverando não se poder esperar grandes “recortes literários” dos mesmos, apesar de alguns serem “bem redigidos”, pois “não é escritor quem quer”. A afirmação parece ter provocado algum frisson no blogue Alegre ou Triste, que contrapõe: “Não é escritor quem quer, obviamente. Mas criar e manter um blogue não significa que se tenha pretensões a sê-lo, até porque escrever bem não é sinónimo de ser escritor e ser escritor, pelo menos nos tempos que correm, não é sinónimo de escrever bem”. Para ler na íntegra aqui.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Herta Muller Nobel da Literatura 2009


Acaba de ser atribuído o Nobel da Literatura à escritora alemã Herta Muller.
O Homem é um Grande Faisão sobre a Terra (Cotovia 1993)
A Terra das Ameixas Verdes (Difel 1999)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Britânica vence Booker Prize 2009

Autora britânica Hilary Mantel vence o Booker Prize 2009, com o livro Wolf Hall uma ficção histórica que tem como protogonista Thomas Cromwell.

" O destino dos povos constrói-se desta forma, dois homens em salas pequenas. Esqueçam as coroações, os conclaves cardinalários, a pompa e as procissões. É assim que o mundo muda"

domingo, 4 de outubro de 2009

Em três linhas


"Este livro é feito com notas de viagem, quase sem retoques.
Apenas ampliei um ou outro quadro, procurando sempre não tirar a frescura ás primeiras impressões. Tinha ouvido a um oficial de marinha que a paisagem do arquipélago valia a do Japão. E talvez valha… Não poder eu pintar com palavras alguns dos sítios mais pitorescos das ilhas, despertando nos leitores o desejo de os verem com os seus próprios olhos!… "

1926
Raul Brandão


As Ilhas Desconhecidas, brevemente uma edição Artes Letras.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Musica Uma Linguagem Universal

Dia Mundial da Música, hoje com Pedro Burmester , no Teatro Micaelense, pelas 21.30h.

"De todas as artes, a música é talvez aquela a que ninguém é indiferente, porque facilmente entra nas pessoas"

Pedro Burmeste, In Açoriano Oriental

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Rentrée BD

Nova temporada em grande na BD, prepara-se na ASA os lançamentos dos pesos pesados; Blake & Mortimer, Os Passageiros do Vento, e Asterix. Classicos que chegam aos leitores portugueses entre Outubro e Novembro. As novas aventuras do Capitão Blake e do amigo Mortimer, criado em 1946, por Edgar P. Jacobs, tem saida prevista para 20 de Novembro, o mesmo dia em que são publicadas em França e na Bélgica, o álbum chama-se A Maldição dos Trinta Denários.
O Jornal Le Fígaro pré-publicou cinco pranchas demonstrando assim o interesse que estes heróis geram desde a sua criação, já foram vendidos 20 milhões de livros. Antes, chegam Os Passageiros do Vento, de François Bourgeon que marcou a "rentrée" editorial em França com La Petite Fille Bois-Caiman. O primeiro volume é lançado a 7 de Outubro, juntamente com o Jornal Publico.
No ano em que se assinala 50 anos de vida do irredutivel gaulês, é com pompa o lançamento de um novo episódio de Astérix. Um dos "pais" Albert Urdezo, (o outro René Goscinny, morreu em 1977) apresenta-o a 6 de Outubro.

domingo, 27 de setembro de 2009

Imprevisibilidade da Paixão

O nobel português iniciou em 1959 a actividade de tradutor, José Saramago de forma autodidacta após as breves noções que tivera na escola industrial, era obrigado a faze-lo por necessidades financeiras, no entanto o livro Chéri, de Colette, foi um dos que mais apreciou traduzir, “ Colette tem um estilo dos mais perfeitos e acabados que alguma vez França teve”. O livro é a história de uma iniciação, Léa de Lonval, uma cortesã quase retirada que empreende a educação sentimental do filho de uma antiga rival. A imprevisibilidade da paixão, acompanhada por extrema lucidez na observação do meio e das personagens, meios em que Colette tão bem se moveu. A autora de Chéri fez desde o inicio do século XX, quase tudo o que era proibido a uma mulher na Paris de então.
Acima de tudo porém, impõe-se a reivindicação de uma certa sagesse feminina, que Simone Beauvoir apontaria depois como exemplo “ facto quase único na história das letras e das ideias, uma mulher (Colette) soube exprimir os princípios de uma sabedoria autenticamente feminina”. A reedição feita (Editorial Presença) sobre uma antiga tradução de José Saramago, coincide com a estreia do filme de Stephen Frears, com a estrela Michelle Pfeiffer no papel principal, o da cortesã Léa de Lonval. Colette era uma escritora muito poderosa e sensual e muito à frente do seu tempo, no fim, apesar de escandalosa era respeitada e admirada, quando morreu, teve direito a um funeral de Estado.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar


A acção decorre no Ribatejo, numa quinta onde criam toiros. A mãe está a morrer e cada um dos filhos fala e conta a sua historia, que se cruza com a historia dos outros. Francisco, que odeia os irmaõs e espera apropriar-se de tudo quando a mãe morrer; João, que engata rapazinhos no Parque Eduardo VII; Beatriz, que engravidou e teve de casar cedo; Ana a mais inteligente, drogada e frequentadora dos mais sinistros lugares onde se trafica droga. Há ainda a figura do pai, que vai perdendo ao jogo a fortuna da família, na obsessão de que o número 17 lhe há-de trazer a sorte. E finalmente Mercilia, a criada que os criou a todos e que sabe todos os segredos.
O novo romance de António Lobo Antunes nas livrarias a 1 de Outubro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os Dabney - Uma Família Americana nos Açores


Em 1806, A Família Dabney Desembarcou Nos Açores, mais especificamente na ilha do Faial, onde o patriarca desempenharia a função de cônsul.
A actividade diplomática andou a par dos negócios e do comércio, da filantropia também, e os Dabney integraram-se rapidamente na comunidade açoriana, abandonando o arquipélago apenas em 1892.
No período de um século, esta família protestante foi o eixo de um dinamismo cultural que envolveu o convívio e a correspondência com diversas personalidades da época. A testemunha-lo, o riquíssimo espólio de cartas, diários e outros documentos coligidos por Roxana Dabney.
A presente antologia editada agora pela Tinta da China, reúne textos que hoje se revestem do maior interesse e eloquência, constituindo a visão estrangeira e esclarecida a partir da qual Maria Filomena Mónica traça um retrato da sociedade insular no século XIX.

O lançamento da antologia Os Dabney: Uma Família Americana nos Açores realiza-se amanhã na Biblioteca Pública de Ponta Delgada, pelas 21.30

sábado, 12 de setembro de 2009

BENEFÍCIOS DA LEITURA

1. Tira nódoas da alma.

2. Cicatriza a solidão.

3. Lava a inteligência.

4. Agita a preguiça.

5. Protege a memória

6. Purifica a visão.

7. Potencia a humildade.

8. Dá fome.

9. Não suja as mãos.

10. Cola pirilampos na escuridão.

11. Clarifica a voz.

12. Vale tanto como mil imagens.

13. Apaga a televisão.

Emanuel Jorge Botelho
(in) Semanário “ Terra Nostra”
de 11.9.2009
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( A primeira versão destes Benefícios surgiu, fora do mercado,
com o pseudónimo; Egroj B.).

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fulminante


Stieg Larsson, sueco, jornalista, autor da trilogia Millenium, morreu de um ataque cardíaco fulminante, pouco depois de ter entregue ao seu editor os três volumes com quase duas mil páginas, que agora fazem furor pelas livrarias do mundo. Não assistindo ao fenómeno que criou um êxito editorial, a saga negra mais lida do século XXI, com mais de 15 milhões de exemplares vendidos em 40 países.
Num ritmo vertiginoso e magistral, a narrativa com o seu complexo enredo, o escritor combinou um realismo avassalador e enigmático com os melhores ingredientes da novela de mistério e do género negro. A obra única e póstuma, Os Homens Que Odeiam As Mulheres, A Rapariga Que Sonhava Com Uma Lata de Fósforos, A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, deu vida a dois personagens extraordinários, o jornalista MiKael Blomkvist e a hacker Lisbeth Salander, através de uma sucessão de histórias verosímeis, o autor trata a realidade como um bom jornalista de investigação, ameaças reais, da informática aos serviços secretos, da economia ao poder judicial, da política aos movimentos antidemocráticos, da pedofilia ao trafico de mulheres.
Larsson, contrariamente ao título de um dos livros era um escritor que amava as mulheres, a figura feminina é livre de clichés e de limites, toda a obra transpira dignidade assente na personagem de Lisbeth Salander, que é uma sobrevivente mas também uma consciência moral. A convicção de Larsson é profunda quanto à fragilidade da democracia e dos seus mecanismos, bem como as instituições que podem ser destruídas por interesses, cumplicidades e silêncios e de como os cidadãos podem ficar isolados e indefesos, apesar das liberdades, direitos e garantias consagradas e supostamente estabelecidas.
Uma excelente história, infelizmente a última

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Templos do Saber

França

Irlanda

Ahmet Ertug, um dos mais importantes fotógrafos de arquitectura actuais, inaugurou este ano, na Biblioteca Nacional de Paris, uma exposição de fotografia intitulada “Temple du Savoir”; uma viagem pelas mais belas bibliotecas da Europa Ocidental, passando por França, Irlanda, Alemanha, Portugal e muitos outros.
Luxuosos palácios que são verdadeiras obras de arte onde ler pode ser um prazer redobrado.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Eu Sou César

Procure-se na Livraria

Falar da Livraria Sol Mar é falar de algo para mim profundamente familiar. Não tanto pelo número de vezes que a frequento, antes por um processo talvez pouco usual mas particularmente privilegiado. Isto é: mais do que deslocar-me à livraria, é ela quem se desloca até mim. Todos os dias, sem pedir licença, entra-me pela porta dentro. Senta-se à mesa connosco e connosco faz sala. Diz-me dos livros que chegaram, quem por lá passou, o que se disse, o que se imaginou, se inventou e se concretizou em mais uma iniciativa a partilhar por todos que a visitam. Depois, são os livros que se compraram, sempre envolvidos em inescapável sedução. Prazenteiros, procuram lugar nas nossas estantes. Tira-se um daqui, aconchega-se outro ali e cá está espaço para mais um. Tudo num gesto infinitamente renovado, que nunca cansativo, pois a vida faz-se destes pequenos gestos, expressão do afecto e do culto pela palavra.
Assim, quando vou à Livraria Sol Mar nada nela me surpreende. Tudo me foi minuciosamente narrado. Ali, apenas constato o segredo que cada livro contém. Toco-os então de perto, miro-os, leio uma página aqui outra ali e devolvo-os ao seu lugar, e volto uma vez mais, e mais uma vez ao acarinho. Tudo isto, na forma de uma confirmação, de um ritual repetido. Repetido ou reconhecido não foi, porém o novo espaço de que goza neste momento. Falhou este pormenor ao Vamberto. Por isso, o fascínio do inesperado deixou-me extática, e, mais do que o próprio espaço, foram os focos e os efeitos da luz que mais me tocaram. A sua projecção sobre as paredes vazias (preparadas para acomodar aquilo que sem espaço não vive, as obras de arte plástica) desenha sombras que dão à claridade o formato de arcos contínuos, acentuando a atitude espiritual daquele lugar, que tem mais a ver com um templo do que com a venda de livros ­­– um santuário, com efeito, do nosso bem-estar, de um estar sempre em companhia, num acto de eterna partilha, escutando a música que em prece se insinua por entre os livros, envolvendo todo o ambiente, e devolvendo-nos ao tempo da graça. E se à música lhe juntarmos a luz dos focos em arcos reproduzidos, temos então o céu criado. Sair dali é difícil. E é isto que o José Carlos quer. E o Tápia e a Glória e todos nós.
Por isso, sempre que esteja irrequieto, um pouco fora de si, procure-se na Livraria Sol Mar o
centro, a leveza do espírito, num tempo que não sendo de cólera é razoavelmente pesada para dele fugirmos.
Sempre que vou à Livraria, um pouco mais de asa me transporta ao sustenido conto das alturas.

Adelaide Freitas
Ponta Delgada 15 Abril 1996

Obras

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Calhamaços


O mês de Agosto é desejado por muitos, pelos dias quentes de praia ou pelas merecidas férias. É também associado ao conceito de silly season, que contrasta com a excelente oportunidade de por a leitura em dia. Com dias livres pela frente, podem ser lidos sem sentimentos de ansiedade, os grandes livros, literalmente grandes. Os calhamaços, tijolos, quanto maior é o volume mais desafiante nos parece a missão destinada às férias. Para os amantes das grandes obras da literatura, sem o argumento de falta de tempo, nem vale a pena dizer “eh pá grande calhamaço”. Mergulhe na Montanha Mágica , de Thomas Mann , uma nova tradução deste romance de quase mil páginas, publicado em 1924, capaz de obsorver um mundo tão vasto quanto uma civilização. Assim, neste livro monumental, tudo cabe: meditações em torno da vida e da morte, do tempo e da cultura científica, política, história, psicanálise e música. Uma grande sinfonia que nada tem a ver com silly, mas tudo com season.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

De Profundis

De Profundis, conta a história de uma violoncelista que vive numa casa no meio do oceano, onde aguarda o seu amado, um pintor que sempre quis ser marinheiro e que depois de um naufrágio, efectua uma viagem ao fundo do mar, fonte de inesgotável beleza e mistério.
Esta é a primeira longa-metragem de animação que utiliza como base pinturas a óleo, realizada por Miguelanxo Prado (conhecido aoutor de BD), acompanhada com música de Nani Garcia.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Silly Season

Os Livros Vão a Banhos

Sreaut


Os livros mais falados por estes dias, que dominam os tops de vendas desta época, são pesos pesados da literatura em língua portuguesa, oferecendo-nos um Verão muito generoso, com a qualidade dos escritores. Mia Couto, com Jesusalém ( Ed. Caminho), um mundo inventado através da mais pura das imaginações, Chico Buarque, com Leite Derramado (Ed. Dom Quixote), uma deliciosa viagem pelas memórias de um velho acamado, José Eduardo Agualusa, com Barroco Tropical (Ed. Dom Quixote), dezenas de personagens cruzam-se com Bartolomeu, nas ruas de uma cidade em convulsão, Luanda, em 2020. O nosso representante no 1º lugar do top nacional, Miguel Sousa Tavares, com No Teu Deserto (Ed. Oficina do Livro), faz jus ao título e desilude, embora seja a preferência dos portugueses nesta estação. Pode-se dizer que não há livros de Verão, que os bons livros são intemporais, certo é que estas obras e seus autores são de origem de terras quentes, boas sugestões para ler em dias de calor.

World Press Photo em Ponta Delgada



terça-feira, 11 de agosto de 2009

Viajar com Livros - Karen Blixen

Fotografia de Peter Beard

"Quando era rapariguinha estava bem longe de pensar ir um dia para África, e nem sonhava sequer que uma quinta em África fosse um lugar em que poderia sentir-me perfeitamente feliz"
Karen Blixen


Karen Blixen partiu para o Quénia, em 1914, para dirigir uma plantação de café. Em 1931, a falência do projecto, levou-a regressar à Dinamarca onde escreveu um livro relatando as suas experiências. África Minha é uma celebração da sua vida no Quénia, dos amores que aí teve, da sua solícita amizade com os povos da região e da relação com a paisagem e os animais. Uma obra que termina com uma enorme sensação de perda e que é uma das mais belas narrativas sobre África. O nome de Karen Blixen, vem várias vezes à discussão a propósito do prémio nobel, o seu trabalho é admirado por escritores como Ernest Heminngway, Truman Capote e Carson Mccullers. No fim dos anos 50, a baronesa faz uma longa viagem pelos Estados Unidos, dexando-se venerar, com banquetes e recepções, e conta-se que muita gente famosa viajou durante dias para a conhecerem pessoalmente. O fotógrafo americano Peter Beard, ele próprio um excêntrico e aventureiro, conheceu Bilxen e terá tirado belíssimas fotografias dela e de África.
Apesar disso no seu tempo de vida, este seu livro de memórias foi pouco lido, só mais tarde, nos anos 80 vendeu milhões, para isto muito contribuiu o premiado filme África Minha, de Sydney Pollack de 1985, com Meryl Streep no papel de Blixen, e Robert Redford na pele do sedutor piloto inglês Denys, o grande amor da sua vida.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Uma Casa em Havana


Pilar é o nome do iate, protagonista de épicas jornadas de pescaria ao largo de Cuba, está hoje no jardim da elegante residência, junto à piscina onde Ava Gardner gostava de nadar nua. Na casa, mais de dez mil livros, as revistas e as bebidas do escritor norte-americano. Finca Vigia, fica a 18 km a sueste de Havana, na aldeia de San Francisco de Paula, onde Hemingway viveu mais de 20 anos, de 1939 a 1960. Com os rendimentos dos direitos de autor do livro, Por Quem os Sinos Dobram, o escritor, comprou este casarão inspirado na arquitectura colonial espanhola, no alto de uma colina verdejante nos arredores de Havana. Foi nele que escreveu o livro O Velho e o Mar, que lhe deu acesso directo ao Pulitzer e ao Nobel. Ernest Hemingway era feliz em Cuba, quando não estava na sua propriedade encontrava-se no seu bar favorito , o Floridita, palco de bebedeiras intermináveis. Esta casa hoje pertence ao Estado cubano, que a transformou em casa museu, foi confiscada poucos dias após o suicídio do escritor, em Julho de 1961, às ordens de Fidel Castro. O autor de Adeus às Armas, segundo os seus biógrafos garantem, que a crescente hostilidade do regime comunista cubano apressou a deterioração do estado de saúde de Hemingway, que se vira forçado a abandonar a Finca no verão de 1960. A casa onde pernoitaram Marlene Dietrich, Ingrid Bergman, Gary Cooper e Sartre, é um dos poucos edifícios na ilha em bom estado de conservação, 48 anos depois.
Uma visita a Havana fica incompleta sem uma deslocação à Quinta Vigia, onde se avista um panorama soberbo do mar das Caraíbas.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Smile

"Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estejas triste, porque nunca se sabe quem poderá enamorar-se do teu sorriso"

Gabriel Garcia Márquez

Os Prémios

Prémios, condecorações e homenagens são em geral justas e merecidas no meio literário. São ocasiões em que se enaltece o ego e se trabalha a retórica dos discursos, agradece-se o reconhecimento e aceita-se o cheque. Os bons prémios literários são aqueles acompanhados por cheque, sempre paga um fato novo para cerimonia, ajuda nas despesas da casa museu e pode até sobrar para renovar a biblioteca.
Thomas Bernhard, austríaco, autor maior da segunda metade do século xx, e certamente um dos mais pólemicos, escreveu um livrinho agora editado em Portugal pela Quetzal chamado Os Meus Prémios. É um divertido relatório, sobre os muitos prémios e homenagens que aceitava apenas pelo dinheiro, “Ninguém censura a um mendigo que aceite dinheiro das pessoas, sem perguntar de onde lhes vem o dinheiro que lhe dão”. Cedo Bernhard passou a desprezar os meios literários, os salões, auditórios , câmaras municipais, para ele era tudo patético, muita pomposidade e ignorância, os ministros ressonam, as orquestras desafinavam, dados biográficos errados e elogios incompreensíveis, e quase toda a gente era idiota. O Grande Premio afinal devia chamar-se Pequeno. E antes ou depois do cheque um último suplício, as palavras de agradecimento, Eu não encontrei nenhum tema para um discurso. Pensei se devia talvez referir-me à situação mundial, que como sempre, era bastante má. Ou aos países em desenvolvimento? Ou à negligenciada assistência aos doentes? Ou ao mau estado das nossas escolas. Devia dizer qualquer coisa sobre o Estado em si ou sobre a arte em si ou sobre a cultura em geral? Será que devia talvez mesmo dizer qualquer coisa sobre mim próprio? Achei tudo repugnante e nojento”.
Seria o escritor portador de mau feitio ou dono da razão?

sábado, 1 de agosto de 2009

As Leituras dos Politicos Açorianos


Com os nossos políticos de férias , e a pôr as leituras em dia, para além do Estatuto Regional dos Açores (revisto), e dos programas eleitorais, aqui ficam algumas sugestões da livraria, óptimas para lerem na praia ou no campo.

Carlos César – A Sabedoria do Mago - Deepack Chopra
Berta Cabral
A Rainha no Palácio das Correntes de Ar- Stieg Larsson
Francisco Coelho Constituição da Républica Anotada - Jorge Miranda
António MarinhoTwitter Para Totós - Laura Fitton
Vasco CordeiroGrandes Batalhas Navais Poutuguesas - José A. P
Artur LimaDom Casmurro - Machado de Assis
Álamo MenesesDormir Nu é Ecológico - Vanessa Farquharson
Zuraida Soares13 Gotas ao Deitar - Rita Ferro e outros
André Bradford A Promessa - Brunomia Barry
Aníbal PiresVendedor de Sonhos - August Cury
Noé Rodrigues Leite Derramado - Chico Buarque
Paulo EstêvãoO Cavaleiro da Ilha do Corvo - Joaquim Fernandes
José ContentePorque é que os Homens Nunca Ouvem Nada
e as Mulheres não Sabem Ler mapas de Estradas

Pedro GomesDiário da Tua Ausência - M.R. Pinto
Sérgio ÁvilaFaça o seu Dinheiro Crescer - Teresa Cotrim
Rui Melo
O Carcereiro da Vila e outras estórias - Tomaz Borba Vieira
Paulo Casaca Cidade Perdida – Clive C.
Duarte FreitasAfastado – Sadie Jones
José SanBentoA Outra Invasão do Iraque – P.Casaca
Maria Céu P.NevesAtuns, Bonitos e Cavalas dos Açores – Vários
Alexandre PascoalGuia da Auto Defesa – Lydie Raisin
José AndradeTrabalhar Contigo Está a dar Cabo de Mim – Kathi
Catarina FurtadoEntre os Canibais – Paul R.
Miguel BrilhanteObras Completas – José de Mello
Gabriela CanavilhasÀ Procura da Escala – A.P.Ribeiro
João Nuno A. Sousa – Não Seja Rezingão - Richard C.
Francisco Vale CésarO Príncipe – Manuel Alegre
Mário Fortuna – O Que é Que Eu Faço Aqui – B. Chatwin
Ricardo RodriguesNós Europeus – Vital Moreira
José Manuel BolieiroTreine o Cérebro Use-o ou Perca-o - Vários

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Viajar com Livros - Adriano


As viagens regulares constituíam uma forma tão enraizada de viver, que Marguerite Yourcenar (1903-1987) as desejava como se fossem um vício. Por isso viajou de forma tão compulsiva durante os anos 80, a sua última década de vida. Não viajar era o mesmo que morrer. Trouxe para a sua escrita esta ânsia entre os heróis da história. Adriano viajou por todo o seu império romano, de Roma às Estepes do Cáucaso. Yourcenar capta de forma notável no seu fabuloso livro Memórias de Adriano, as viagens longínquas do homem que se sentia compelido a vaguear mundo fora. A reconstrução da vida de Adriano (76-138), é um romance histórico, intelectualmente exigente. O maior dos últimos imperadores romanos, reinou durante vinte anos. Governou com pulso forte e implementou a maior campanha de construções, grandes pálacios, incluindo a Villa Adriana e o Panteão um dos edifícios mais visitados em Roma. Incentivou as artes e os seus amores ficaram patentes em milhares de estátuas, no fundo foi um romano com espírito grego.
"Apercebi-me rapidamente de que escrevia a vida de um grande homem. Daí, maior respeito pela verdade, mais atenção e, quanto a mim, maior silêncio."

Cidade Eterna

Fotografia Helena Frias


Roma fundada segundo a lenda, por dois gémeos alimentados por uma loba depois de terem sido lançados ao rio Tibre, cada pedra guarda um pouco dos mais 2700 anos de história da « cidade eterna». O grande império romano lançou as bases do direito actual, da politica e da cidadania. Em séculos de legado, construiu estradas, pontes e aquedutos, deixou-nos o latim e o sistema numérico, e uma herança cultural que se estende à arte e à arquitectura. A arte da perfeição está patente na praça de São Pedro, no Vaticano, o alto da cúpula da basílica, os tectos da Capela Sistina, com os frescos de Miguel Ângelo, as salas de Rafael e as magníficas colecções que fazem deste museu um dos melhores do mundo. Roma é um encontro entre o sagrado e o profano, com mais de quatrocentas igrejas, o religioso convive com as fontes barrocas, muitas delas com figuras nuas. A prefeita metáfora da Roma de hoje mais do que um postal ilustrado, o Coliseu é uma redoma hístorica que guarda as raízes de uma das mais importantes civilizações ocidentais. Os italianos, chamam-lhe " dolce far niente", entre passeios e momentos de descanso e deleite em cafés e restaurantes com qualidade gourmet.
Roma sempre inspirou artistas, cenário de filmes como La Dolce Vita, de Fellini, ou a Fonte dos Desejos, de Jean Negulesco, Fontana Di Trivi. Segundo a tradição, lançar uma moeda de costas para fonte garante o regresso a Roma, que lida de trás para a frente, significa "Amor".

terça-feira, 28 de julho de 2009

Costela Açoriana


"Sempre sonhei. Sempre ouvi a frase fatal: tem os pés na terra! Mas com os pés na terra, não se voa. Sempre sonhei voar. Como o Buzz Lightyear, do Toy Story, sempre quis ir até ao infinito e mais além.
Como professor universitário foi o que fiz, mas, quando com os meus co-fundadores criei a YDreams, percebi que era essencial combinar o «voo do sonho» com os pés na terra. Como vencer a ausência de perspectiva, a aversão ao risco, a falta de autoconfiança e a tendência para criticar em vez de gerar ideias pervasivas na nossa sociedade?"
Temos a inteligência e as ferramentas essenciais para «voar», basta aprender a fazê-lo com qualidade.
António Câmara nasceu em Lisboa em 1954, mas sua mãe, Beatriz do Canto da Câmara, é natural de São Miguel, ilha onde mantém família próxima.Tem orgulho nas suas raízes açorianas (passava quase todos os anos férias nas Furnas), e já realizou vários projectos nos Açores. Lidera a YDreams, que é uma das referências mundiais na área das novas tecnologias. Licenciou-se em Engenharia Civil no instituto Superior Técnico, é professor catedrático na Universidade Nova de Lisboa. Doutorado em engenharia de sistemas ambientais na Virgínia Tech, ganhou em 2006 o Prémio Pessoa, e diz que “ as tecnologias vão desenvolver-se em cada vez mais sentidos, ao mesmo tempo que se vão tornar também cada vez mais “ invisíveis”.
António Câmara, acaba de publicar o livro Voando com os Pés na Terra (Editora Bertrand).

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Mágico

"A música é magia, é impossível ve-la, mas sim senti-la, é ar, energia, sensibilidade. O nosso tempo e o nosso mundo, o que precisa é de sensibilidade."
Gustavo Dudamel
Perto do mar a música é mais sábia:
Humaniza o seu som,
E põe nas suas cadências um estranho
Estremecimento do coração.
Jorge González Bastias

Um dos rostos mais visíveis nos circuitos da música clássica, Gustavo Dudamel, jovem maestro, uma promessa já confirmada de que muito se fala pelo facto de apenas com 27 anos, ter sido convidado para ocupar o cargo de Director Artístico da Filarmónica de Los Angeles, e também pela aclamação global de “Fiesta”, disco de 2008, com a Orquestra Simon Bolívar, neste álbum é apresentada uma selecção de obras de compositores Latino-Americanos do século XX.
O maestro conhecido pela sua exuberância em palco, é produto do chamado” sistema “ de Orquestas Juvenis Venezuelanas. Fundada pelo maestro José António Abreu, é uma obra social do Estado, a prática colectiva através da música, a educação e recuperação de crianças carenciadas. Existem actualmente, 180 “núcleos escolas” que acolham, 350000 crianças e jovens que formam uma complexa rede de Orquestas, já lhe chamam o milagre musical Venezuelano.
O fenómeno Dudamel está imparável , com o catálogo da Deustsche Grammophon em construção , este ano gravou, a 5ª Sinfonia de Tchaikovsky, o que traduz uma paixão do Maestro pelo compositor Russo” Apesar de a Venezuela estar longe da Rússia, o carácter latino de Tchaikovsky, faz nos apaixonarmos pela sua música num instante.”
Como alguém uma vez disse, não há boas e más orquestras, apenas bons e maus maestros, Gustavo Dudamel é um dos melhores.

JAZZ NO COLÉGIO


domingo, 26 de julho de 2009

James Cameron na Livraria

Numa manhã de Verão , em Julho de 2002, recebemos uma chamada telefónica do Hotel Açores Atlântico, que pretendia saber do nosso stock de livros em inglês , visto terem um hospede especial, que precisava de abastecer-se para a viagem que ia efectuar de barco. Respondemos que sim, a secção estava disponível em quantidade e qualidade. Fomos então visitados pelo estrangeiro, homem alto e magro, simpático, e satisfeito pelo facto de poder finalmente encontrar livros em inglês. Rapidamente o reconhecemos, confirmando com prestável guia que o acompanhava, que nos disse: “ Sim é ele, James Cameron, o do Titanic”.
Sentado no chão fez a sua escolha, uma caixa cheia de paperbacks de autores norte- americanos e ingleses. Conversamos, trocamos prendas, ele um autografo, e nós um álbum dos Açores.
Foi assim a ida à Livraria SolMar, do famoso realizador que um dia, ao receber um Óscar gritou “I am the king of the world” .

sábado, 25 de julho de 2009

Dia de Mar

Fotografia Helena Frias

A autora de a Menina do Mar, entre outros, deixou escrito, um conto infanto-juvenil, que até hoje nunca foi publicado em livro. É intenção da família que seja editado brevemente e faz parte do espólio que está a ser inventariado, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, no qual se encontram setenta caixas com muitos outros textos inéditos, entre os quais vários poemas.
Shophia de Mello Breyner, poetisa, evoca-se aqui na altura em que se perfazem cinco anos sobre a sua morte.



As ondas quebravam
uma a uma
eu estava só com a areia
e com a espuma
do mar que cantava só para mim


Dia do Mar , Sophia de Mello Breyner

Bret Easton Ellis



Bret Easton Ellis vai publicar, em 2010, a continuação do famoso Menos que Zero. Irá Chamar-se IMPERIAL BEDROOMS, numa referência directa ao álbum de 1982 de Elvis Costello.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Trailer Alice

Perdidos na Tradução


O novo livro de Haruki Murakami já é um sucesso, depois de cinco anos sem publicar, acaba de sair no Japão o seu último romance 1Q84. Descrito como uma narrativa complexa e surreal, que anda para trás e para a frente com a história de duas personagens, um homem e uma mulher, à procura um do outro. A primeira tiragem teve que subir dos 380 mil exemplares previstos para os 480 mil, segundo a editora Shinchosha. O sucessor de After Dark, terá sido influenciado por 1984, de George Orwel (porque a letra “Q” em japonês se pronuncia como o número 9), até o romance ser editado o escritor recusou-se a revelar detalhes, e lembrou que o secretismo à volta do livro resultou da má experiência com Kafka on the Shore(2002), em que foram revelados pormenores a mais.

A editora Shinchosha, tem promovido de várias formas, o livro 1Q84, foi o tema num programa que é assim uma espécie de Câmara Clara japonês, num intenso e produtivo diálogo, os críticos analisam a obra.
Perdidos na tradução, o gozo maior está na partilha, mesmo não percebendo nada.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Irresistível

O Museum of Modern Art de Nova Iorque(MoMa), vai acolher a partir do dia 22 de Novembro, uma grande exposição de desenhos, pinturas, storybords, maquetes, bonecos e outras criações do realizador americano Tim Burton. Os visitantes poderão ver ainda uma retrospectiva integral dos seus filmes amadores, trabalhos artísticos dos seus tempos de estudante e projecção de fitas que o influenciaram. Todo o universo surreal e exuberante de Burton, está visível nas imagens do seu último trabalho, com estreia para Abril de 2010, Alice in Wonderland.
Ficamos assim fascisnados a ver estas imagens, e esperando pacientemente, pelo acontecimento cinematográfico de 2010.
Totalmente familiar como parte integral da nossa cultura, a viagem de Lewis Carroll na toca do coelho branco é um conto para crianças, contendo alguma sátira bizarra, jogos de palavras e comédia, capaz de satisfazer qualquer leitor adulto. Alice tenta confrontar loucura com lógica, numa história que gentilmente desmascara o insensível puritanismo das práticas educativas das crianças da burguesia vitoriana.
Alice no País das Maravilhas de Carroll, é no entanto uma das raras obras, que consegue transpor a linguagem do sonho para a literatura.


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ai Jesus


Jorge Jesus é garantia de sucesso, o novo treinador do meu Benfica já é vencedor do campeonato dos pontapés na gramática em Portugal, só comparável a José Mourinho nas tácticas em italiano. O nosso Mister, parece ter a língua mais curta ou mais comprida do que o cérebro, e a discrepância ouve-se incontáveis vezes em disparates linguísticos. Ora vejamos:
os pinos efervescentes”, “forno interno do clube”, “bode respiratório”, “ couro de assobios”, “ embebida no espírito da vitoria”, “cherne da questão”, estes são alguns exemplos de como driblar a língua portuguesa. O Jesus a maioria das vezes é distraído, precipitado e não ignorante “sinto-me a Paula Rego do futebol”, calinada mesmo é quando se refere aos jogadores que usam a braçadeira em campo, como os seus “capitões”, mas é preciso ver que o campeão só têm a quarta classe antiga, e que não deve andar à pedrada quem tem telhados de vidro. Nos blogues, nos jornais, todos os dias, os estilhaços fazem-se notar. Queriam o quê, o Diogo Infante ou Edite Estrela, como treinadores do Glorioso. Podemos sempre recomendar, algumas leituras ao senhor Jorge Jesus, que tal:
O Memorias da Igreja do Saramago, A Massagem do Pisoa, O Amor de Posição do Amilo, O Feri Luis de Coiso do Garret, Os Fidalgos da Caça Maricas do Dinis, esperamos que o seu preferido não seja A Queda de uma Águia do Camilo.
Boas leitugas e SLB sempre.