quinta-feira, 19 de outubro de 2017

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Outono

                                                           Maçãs, Paul Cézanne

Uma das macieiras estava num estado lastimável, muitos dos ramos estavam mortos, parecia rígida e sem vida, mas podei-a no começo do verão, nunca tinha feito antes, e entusiasmei-me muito, cortei mais e mais sem ver como ficava (...). Aniquilada, foi a palavra que me veio à cabeça. Agora os ramos cresceram, cheios de folhas, e está carregada de maçãs. Foi a experiência que adquiri ao trabalhar no jardim, não há nenhuma razão para se ser cauteloso ou ter medo de alguma coisa, a vida é robusta, como que jorra em cascata, cega e verde, e por vezes mete medo, porque nós também vivemos, mas sob uma espécie de circunstâncias controladas, que nos fazem ter medo do que é cego, selvagem, caótico, que se ergue para o sol e que a maior parte das vezes é belo, mas de uma forma mais profunda do que o visual ... 

 No Outono", Karl Ove Knausgard, Relógio D'Água, 2016