sexta-feira, 30 de abril de 2010

A escola saíu à rua

A escola saíu à rua from ARTilharia TV on Vimeo.

Os alunos da área de artes da Escola Secundária Antero de Quental(Ponta Delgada) deixaram as salas de aula para virem desenhar para a rua. Foi uma actividade com vista a divulgar também a oferta de formação da escola.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Feira do Livro de Lisboa


"Ilhas Desconhecidas" de Raul Brandão, ausente da Feira.
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Não sei porquê, mas não tenho vontade nenhuma de falar nisso.
Livreiro independente

CAMPO SANTO/ Guilherme Figueiredo

CONVITE
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O autor e a Editora Publiçor têm a honra de convidar V.Exa. e família para o lançamento do livro de fotografia Campo Santo de Guilherme Figueiredo, no próximo dia 3 de Maio, pelas 20h30, na Livraria SolMar, com a apresentação de Emanuel Jorge Botelho.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

7 Mandamentos para Quem Quiser Ser Um Bom Leitor

Na sua obra Como um Romance, Daniel Pennac criou, com uma boa dose de ironia, os 10 direitos inalienáveis do leitor. Ao lê-los, eu, um leitor pouco ortodoxo nas escolhas (os 5 até coexistiram pacificamente com o Saramago), fiquei intrigado com direitos como o de “saltar páginas” ou o de “não falar do que se leu”. Mais ainda com o 1º, o de “não ler”.
Então, pensei: se já há os direitos, por que não os mandamentos?
Deixo aqui um modesto contributo.
1º Não invocar o que se leu em vão (a presunção é feia e tem a perna curta como a mentira); 2º Guardar um dia por semana para a leitura (não seja fundamentalista, escolha o dia que mais lhe convier). 3º Não matar os livros (pecado que, em Portugal, editoras e Estado têm praticado mas pelo qual não são condenados. Conselho: dêem os livros que não vendem); 4º Guardar castidade nas palavras e nas obras, desde que sejam de qualidade (e entenda-se por castidade a pureza da língua escrita); 5º Não roubar livros (creia que a vergonha e a multa não valem o preço do livro); 6º Não inventar falsas leituras (não diga que lê o Saramago se a sua leitura é a revista Maria ou o jornal a Bola); 7º e último, não cobiçar o livro alheio. Compre-o. Agradecem-lhe o dono do alheio e o livreiro.
Dirá o leitor: só 7? Não é tradição que os mandamentos se vendam em pacotes de 10? Pois é, mas o número 7 não é só o dos pecados mortais, é também o da perfeição (e a tradição já não é o que era).

Marco Macedo Machado
23/04/2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

Gerentes por um dia - o sarau from ARTilharia TV on Vimeo.

No dia Mundial do Livro, o escritor Emanuel Jorge Botelho e o artista plástico Urbano foram gerentes por um dia da Livraria Solmar. À noite, os efémeros gerentes organizaram um encontro de amigos à volta dos livros...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Hoje é Dia de Cinema


Sim Senhor Deputado

«"Propomos, em termos simbólicos, que o primeiro a ser criado seja o 'Roteiro Anteriano', em São Miguel", indicou o deputado do PS, Alexandre Pascoal, que falava na apresentação da iniciativa legislativa, durante o plenário que está a decorrer na cidade da Horta.

Segundo o deputado do PS/Açores, a Resolução agora apresentada propõe, ainda, que sejam constituídos outros roteiros culturais nos Açores, nomeadamente, o de Vitorino Nemésio, na Terceira; Francisco de Lacerda, em São Jorge; Dias de Melo, no Pico; João Correia Rebelo, nas ilhas de São Miguel e Terceira; Ernesto Canto da Maia, em São Miguel, entre outros.
"Complementarmente à criação do 'Roteiro Anteriano', propomos a requalificação do 'Largo da Esperança', situado no Campo de São Francisco, através da colocação de uma placa identificativa e de homenagem junto ao banco, onde Antero se suicidou", afirmou Alexandre Pascoal.


A materialização destes roteiros passa, também, pela elaboração de brochuras de acompanhamento com a indicação dos percursos a efectuar, contendo um mapa de localização, fotografias identificativas, notas históricas e complementares, grau de dificuldade, distância, duração, e outro tipo de informações relevantes.

Alexandre Pascoal justificou esta iniciativa legislativa com a necessidade de salvaguardar e transmitir a cultura e identidades regionais, face à tendência globalizante.

Além disso, os roteiros culturais permitem aos habitantes e visitantes a "descoberta de novos motivos de atracção a esta Região, já de si tão rica do ponto de vista natural, patrimonial, artístico e cultural, convidando todos a fazer parte da História e a vivê-la nos seus percursos", explicou o parlamentar socialista.

Na apresentação da iniciativa, o parlamentar socialista salientou, também, que o turismo cultural é um produto estratégico que necessita de ser incrementado nos Açores.” »

domingo, 25 de abril de 2010

Eu, adicto, me confesso

Comemora-se hoje( sexta-feira)o Dia Mundial do Livro. Para mim, desde quase sempre todos os dias são dias mundiais do livro. Não estou só, nessa convicção. Milhares de pessoas pensam como eu e isso é óptimo, para os editores e livreiros sim, mas sobretudo para nós mesmos que podemos ser viajantes intrépidos sem sair do mesmo lugar, percorrendo territórios geográficos inexplorados mas também as montanhas, promontórios, vales, veredas e auto-estradas do conhecimento. Cedo comecei a juntar as letras e a ver que podiam fazer sentido. Tornei-me um viciado na leitura. Livros mas também o que apanhar à mão, que contenha letras, desde letreiros até revistas que abomino, mas que leio quando tenho tempo para matar, sobretudo nos consultórios médicos, dos quais faço por não ser um assíduo frequentador. Ao invés de me deixar de histórias, continuo cada vez mais a gostar de histórias, sobretudo as bem contadas. E como consequência disso, veio a escrita. Li naquele tempo o Júlio Verne todo, Salgari, Stevenson, Poe, Enid Blyton, Graham Greene, James Fenimore Cooper, Branquinho da Fonseca, José Rodrigues Migueis, Walter Scott e tantos outros autores, muito díspares entre si e que se os fosse enumerar teria neste texto um bom paliativo para quem sofre de insónias. E continuo a consumir sem parar
Desculpem mas agasta-me quem quer levar, a martelo, a que se consuma livros. Nem me refiro a quem faz disso um negócio mas sim a instituições públicas que acham que é seu dever incentivar as pessoas a ler. É verdade que não vem mal ao mundo que se leia, muito pelo contrário. Mas deixem que façamos a nossa escolha, a que nos der prazer ; não ponham as mãos à cabeça porque as crianças preferem navegar na net, já que não deixa de trazer conhecimento e estimula mesmo a agilidade mental.

A Poesia Está na Rua

Poster de Vieira da Silva



A Constituição de 1976
I – Direitos e deveres fundamentais
Art.° 13.° – 1. Todos os cidadãos (...) são iguais perante a lei.
Art.° 25.° – 2. Em caso algum haverá pena de morte.
Art.° 26.° – 2. Ninguém pode ser submetido a tortura nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanas.
Art.° 37.° – 1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem, ou por qualquer outro meio, bem como o direito de se informar (...).
Art.° 43.° – 1. É garantida a liberdade de aprender e ensinar.
Art.° 45.° – 1. Os cidadãos têm o direito de reunir pacificamente (...).
Art.° 47.° – 1. A liberdade de associação compreende o direito de constituir (...) partidos políticos (...).
Art.° 48.° – 1. Todos os cidadãos têm o direito de tomar parte na vida política (...) do país directamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos.
2. O sufrágio (direito de voto) é universal, igual e secreto e reconhecido a todos os cidadãos maiores de 18 anos (...) e o seu exercício é pessoal e constitui um dever cívico.
Art.° 51.° – 1. Todos têm direito ao trabalho.
Art.° 57.° – 1. É garantida aos trabalhadores a liberdade sindical.
Art.° 59.° – 1. É garantido o direito à greve.
Art.° 69.° – 1. Todos têm o direito a um ambiente de vida humana sadio (...) e o dever de o defender.
Art.° 73.° – 1. Todos têm o direito à educação e cultura.
in “Constituição da República Portuguesa”

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Gerentes por um dia

Gerentes por um dia from ARTilharia TV on Vimeo.

Assinalando o Dia Mundial do Livro, a Livraria Solmar (cidade de Ponta Delgada, Açores), transfere a sua gerência para as mãos do escritor Emanuel Jorge Botelho e do artista plástico Urbano

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Gerentes em Trabalhos

Emanuel Jorge Botelho e Helena Frias

Emanuel Jorge Botelho e Urbano


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Convite


Os gerentes por um dia da Livraria SolMar Artes e Letras, Emanuel Jorge Botelho e Urbano, têm a honra de convidar V.Exa. e família para a cerimónia de evocação do
Dia Mundial do Livro
que, em memória de Antero de Quental, integrará leitura de textos por:
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Anne Stichelmans, António Castro Freire, Catia Benedetti, Emanuel Jorge Botelho, Guilherme Figueiredo, Jorge Santos, Renata Correia Botelho, Sérgio Fazenda Rodrigues, Urbano e Urbano Bettencourt
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Livraria SolMar Artes e Letras, sexta-feira, 23 de Abril de 2010, 21.00h

terça-feira, 20 de abril de 2010

As Aventuras de Mark Twain (1835-1910)





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«Este texto poderia começar com uma das dezenas de citações famosas de Mark Twain, o autor que considerava deixar de fumar "a coisa mais fácil do mundo": ele próprio o tinha feito uma porção de vezes. Mas houve coisas realmente importantes na sua história. Samuel Clemens, nome de baptismo, foi um dos mais importantes autores americanos do século XIX, que através do sarcasmo e da ironia, descreveu e criticou a sociedade americana, bem como toda a espécie humana. Não poupou governos, Igreja, políticos e riquezas acumuladas. Faz amanhã cem anos que Mark Twain morreu, quatro meses depois da sua filha mais nova. Tinha 74 anos e deixou mais de 30 livros publicados (entre eles "As Aventuras de Huckleberry Finn", de 1884), centenas de contos e ensaios.»

(in) Jornal I , Joana Garrido

domingo, 18 de abril de 2010

Superioridade Cultural

"Controvérsia", da autoria do iraniano Hassan Karimzadeh, é o grande vencedor da categoria Desenho de Humor, World Press Cartoon de 2010.
Dois bonecos envolvidos numa discussão, Hassan aborda a questão da superioridade cultural.

18 de Abril 1842 - 11 de Setembro 1891

Antero por Urbano
Coleção Liceu Antero de Quental
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O QUE DIZ A MORTE


«Deixai-vos vir a mim, os que lidaram;
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem…


Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem.»


Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das cousas invisíveis, muda e fria,


É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia.
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Antero de Quental

sábado, 17 de abril de 2010

Livraria SolMar com " Novos Gerentes"


«A Livraria SolMar Artes e Letras assinala este ano o Dia Mundial do Livro, que se comemora a 23 de Abril, com uma “gerência” nova. “Para assinalar o Dia Mundial do Livro convidámos o poeta Emanuel Jorge Botelho e o pintor Urbano Resendes para assumir a gerência da livraria durante este dia” disse ao Açoriano Oriental o gerente da Livraria SolMar Artes e Letras.
Para José Carlos Frias, o poeta e o pintor são duas figuras que se destacam nos Açores pela qualidade do seu trabalho: “ Qualquer um dos dois, cada qual na sua área, é uma grande referência nos Açores.”
Segundo o gerente, Emanuel Jorge Botelho e Urbano Resendes estão a desenvolver um programa de animação “ muito bom”. “ Do pouco que eu sei, vai ser feita uma homenagem ao nosso grande patrono Antero de Quental.»

(in) Jornal Açoriano Oriental, 17 de Abril de 2010.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Livreiro Independente

Jean-François Martins


"Comecei a minha vida como sem dúvida a terminarei: no meio dos livros.(…) Ainda nem sabia ler e já reverenciava essas pedras erguidas: direitas ou inclinadas, apertadas como tijolos nas prateleiras das bibliotecas ou nobremente espaçadas em alamedas de menhires…
(…) Tinha encontrado a minha religião: nada me parecia mais importante que um livro.
"


Jean-Paul Sartre

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Prazer Esquecido




«É um prazer esquecido nos nossos tempos apressados, folhear um breve volume de poemas, talvez enquanto vamos sentados no primeiro andar do autocarro, ou quando estamos a descansar ao pé de uma árvore no parque da cidade. Toda a gente devia andar com um livro de poesia. Basta ler quatro versos escritos por Keats, enquanto espera por um amigo, para o seu dia sair enriquecido…

Que extraordinário criador de frases ele era! Palavras bem escolhidas podem encher-lhe o coração de alegria. Rejeite a tagarelice vazia dos romances de má qualidade e leve sempre um livro de poesia para onde for.»

O Livro dos Prazeres Inúteis, Tom Hodgkinson e Dan Kieran, Ed. Quetzal

terça-feira, 13 de abril de 2010

Oportunidade


A partir de 16 de Abril, a livraria vai promover um “ Mercado do Livro”, na praça central do SolMar Avenida Center, todos os dias das 10h00 às 22h00.

Esta iniciativa vai possibilitar o acesso a uma gama alargada de publicações a preços bem mais reduzidos do que o habitual. Desta forma, todos os géneros de livros, com destaque para os romances, infantis e açorianos serão a grande aposta.

Fortalecer o interesse pelo livro e incentivar a leitura são os objectivos principais deste Mercado, que procura ir ao encontro dos desejos dos leitores, antecipando as comemorações do Dia Mundial do Livro (Dia 23 de Abril), e por sua vez a época festiva que se aproxima do Senhor Santo Cristo dos Milagres, já que oferecer um livro a alguém ou a si próprio é sempre, uma excelente opção.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Nuno Costa Santos "Entre Aspas"



“Apesar de ter nascido em Lisboa, considera-se açoriano, uma vez que foi em Ponta Delgada que viveu os anos essenciais na formação da sua personalidade. …Aos 35 anos, afirma já ter passado por várias áreas e estar a chegar a uma fase de definição de caminhos. Actualmente dá uns workshops de escrita criativa, sublinhando a dificuldade da tarefa: “É complicado ensinar humor às pessoas. Eu não gosto de fórmulas, e as pessoas podem vir para as aulas à procura disso. Mas esta é uma área em que gosto de trabalhar e que sinto que posso desenvolver.” Além disso, aceita as designações de “cronista”, enquanto pessoa que assume um determinado ângulo de visão, e “escritor” : “Não sou um Escritor (com e maiúsculo), nem pretendo ser. Mas, numa perspectiva despretensiosa, sou um escritor, porque faço da escrita a minha vida.” Apesar de multifacetado, existe no entanto uma designação que Nuno Costa Santos rejeita: “Não sou um cómico. A maioria dos cómicos são bastante profissionais e competitivos, mas eu não me sinto parte dessa família. O meu objectivo principal não é fazer rir os outros. O meu humor por vezes vem do absurdo, é uma atitude filosófica em relação à vida. Quando trabalhei única e exclusivamente a fazer humor não fui feliz; senti que corria o risco de me tornar um técnico ou um funcionário público do humor.” …
Das suas referências nacionais fazem parte poetas como Ruy Belo, Alexandre O’ Neill e Fernando Assis Pacheco. Por outro lado, as crónicas de Miguel Esteves Cardoso constituíram também um ponto a favor de algumas escolhas profissionais que foi fazendo ao longo dos anos. Além disso, afirma divertir-se com as crónicas de Pedro Mexia e João Pereira Coutinho, pelo sentido da “desimportância” que atribuem a algumas especificidades da vida. Ocupando um local indestronável, Herman José continua a ser, na sua opinião, o maior humorista português “ Eu sei que a resposta não é original, mas o Herman formou uma geração. Lembro-me de chegar todos os dias a casa e de me sentar a ver A Roda da Sorte. O Herman é o Miguel Esteves Cardoso da televisão.”

Ana Catarina Pereira, O melancómico, in Revista Nós 46, Jornal i, 2010


“ Provar um desgostozinho de cada vez. Há o menu de degustação e o menu de desgostação”

Nuno Costa Santos, melancómico

domingo, 11 de abril de 2010

Diário Volúvel


“De novo na esplanada do café de Perec, espero, em vão como sempre, que passe Catherine Deneuve, que vive na praça. Mas, uma vez mais, ela não aparece. Surpreende-me, um pouco mais tarde, ler na revista Lire que Vargas Llosa também vive nessa praça, tem um dúplex num edifício do século XVIII: «Neste bairro, sinto-me como em casa. É um bairro muito literário. Umberto Eco também vive na praça. Há quinze anos que espero ver Catherine Deneuve, mas ela nunca aparece.»
Nesse momento, aparece Deneuve. Fico mudo de surpresa e pergunto-me se, durante um momento, Deneuve não foi «o que se passa quando não se passa nada».”


Enrique Vila-Matas, Diário Volúvel, Ed. Teorema


Este livro, pretenso diário, baseia-se no caderno pessoal de EnriqueVila-Matas. Trata-se de um diário literário com origem na leitura, uma obra escrita desde o próprio centro da escrita.
Combina os comentários sobre livros lidos com a experiência e a memória pessoal, e vai propondo o desaparecimento de certas fronteiras narrativas e abrindo caminho para a autobiografia ampla, sempre na busca de que o real seja visto como espaço idóneo para albergar o imaginário e assim romancear a vida. Diário Volúvel não se afasta, de resto, dos procedimentos literários mais habituais em Vila-Matas, onde as diferenças estilísticas entre livros de ficção e colecções de ensaios são cada vez menos relevantes e mais fieis a uma feliz linha de literatura híbrida e fragmentária na qual os limites se confundem sempre e a realidade baila na fronteira com o fictício, e o ritmo apaga essa fronteira.



sábado, 10 de abril de 2010

Lucian Freud





Exposition Lucian Freud, L'atelier au Centre Pompidou
Enviado por centrepompidou.

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O atelier de Lucian Freud, o maior pintor inglês vivo, é o fio condutor de uma grande exposição em Paris, no Centro Pompidou. Aos 88 anos, o neto de Sigmund Freud, detem o recorde de vendas de obras de um artista vivo, com o retrato de uma jovem obesa adormecida no sofá, Benefits Supervisor Sleeping, foi vendio em 2008, por 35 milhões de euros, e está agora patente nesta exposição. Freud pinta como poucos o fazem, priviligia o atelier e usa modelos, numa notável produção, e é conhecido como o artista da carne expressionista.

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Lucian Freud, L'Atelier no Centro Pompidou em Paris até 19 de Julho.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Albert I Amigo dos Açores

Albert I, Príncipe do Mónaco observa a desmancha de um cachalote ao largo do Pico (1897)


O Príncipe de Mónaco, Albert I, ilustre cientista dedicado à investigação oceanográfica, visitou os Açores por diversas vezes, sendo mesmo considerado um príncipe amigo e admirador destas ilhas. Com o objectivo de encontrar motivos de interesse para os seus estudos, não limita as suas observações à área cientifica. Publica em 1901, em Paris, o livro com título La Carrière dun Navigateur, com as suas impressões de viagem, em que dá grande destaque aos Açores, demonstrando uma grande admiração e fascínio pelo povo açoriano.

“Fiz então aos baleeiros uma surpresa agradável, em troca das emoções que lhes devia: ofereci-lhes a oportunidade de sermos nós a rebocar o cachalote até ao local para onde o queriam conduzir. Logo, com efeito, a alegria se mostrou em todos os rostos,, e vibrou com as mais calorosas manifestações, porque uma brisa contrária começava a soprar, ameaçando trazer motivos para novo cansaço, a juntar à fadiga já grande de tão valentes marinheiros.
Para um príncipe a quem o seu dever obriga a conhecer bem as vilezas do mundo, é uma satisfação colher da alma de homens simples e bons, as flores de uma alegria sincera, de uma gratidão que sobe, espontaneamente do coração aos lábios, e desabrocha no brilho dos seus olhos.”

Albert I, Prince de Monaco, La Carrière dun Navigateur. Paris, Ed. Hachette.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Livros & Cigarros



“O jornalista não é livre, e tem consciência dessa ausência de liberdade, quando é obrigado a escrever mentiras ou a suprimir o que lhe parecem ser notícias importantes; o escritor imaginativo não é livre quando o forçam a falsificar os seus sentimentos subjectivos, que, do seu ponto de vista, são factos. Consegue distorcer e caricaturar a realidade para tornar mais clara a sua mensagem, mas não é capaz de deturpar o seu próprio panorama mental – não é capaz de afirmar com convicção que gosta de uma coisa de que não gosta, ou que acredita em algo em que não acredita realmente.
Se o obrigarem a fazer isto, o único resultado é o definhar das suas faculdades criativas.”

George Orwell, Livros & Cigarros, Ed. Antígona

Qual a relação entre livros e cigarros? Como trabalham os críticos literários? Nestes textos, ora curiosos ora graves, mas sempre cativantes, são-nos narradas, por exemplo, as experiências de Orwell como alfarrabista (Memórias de um Livreiro), vemos explicadas algumas das suas posições políticas (Um, Dois, Esquerda ou Direita – O Meu País) e testemunhamos episódios marcantes da infância do autor no colégio St. Cyprian’s (Ah, Ledos, Ledos Dias). Neste último texto, percebemos, enfim, a génese do seu espírito indómito, a sua determinação em resistir à tirania e em manter a dignidade, numa palavra, a certeza de que os fracos têm direito a revelar-se contra a ordem.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Em Terras Onde os Montes São Vivos


O Padre António Vieira esteve nos Açores alguns meses em 1654, na sequência de uma viagem atribulada que o trazia do Brasil, onde acabava de pregar o célebre «Sermão de Santo António aos Peixes», em direcção ao reino. O navio adernou perto do Corvo, vindo os náufragos a ser salvos por corsários holandeses que os abandonaram na Graciosa, depois de pilharem os seus haveres. Dai Vieira passou com os companheiros de infortúnio à Terceira, e depois a S. Miguel.
Embora a inclusão dos Açores, «terra onde os montes são vivos», na rota e na vida do Padre António Vieira não tenha resultado de um projecto voluntário, veio a assumir um significado de que o próprio jesuíta se apercebe e acentua em diversas ocasiões e passos da obra.
Neste livro reúnem-se os estudos que foram apresentados durante o colóquio Os Açores na Rota do Padre António Vieira, organizado pela Universidade dos Açores em 2008, e uma antologia de textos em que o vigor exuberante de Vieira e o traço inconfundível do seu verbo se prendem às ilhas açorianas.

“ Em terra, onde os terremotos são tão contínuos, e tão horrendos: em terra onde os montes são vivos, e comem, e se sustentam de suas próprias entranhas, e estão lançando de si os incêndios a rios: em terra onde o fogo é mais poderoso que o mesmo mar Oceano, e levanta no meio das ilhas, e desfaz ilhas.”
Padre António Vieira

Os Açores na Rota do Padre António Vieira Estudos e Antologia, Maria do Céu Fraga, José Luís Brandão da Luz, Ed. Universidade dos Açores 2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

O que Anda a Ler Bernardo Rodrigues

Capela da Luz Eterna
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“O livro The Sound and the Fury, de William Faulkner, uma biografia de Harold Pinter e o programa de Istambul 2010, Capital Europeia da Cultura são os livros que está a ler actualmente o arquitecto Bernardo Rodrigues, nascido em Ponta Delgada, mas a viver e a trabalhar no Porto.
Tem o hábito, sempre teve, de ler vários livros ao mesmo tempo, por isso é que são visíveis nas entradas, quer da casa quer do escritório, pilhas de livros que aguardam a melhor altura para serem lidos.
Tenta, no entanto, estar atento às edições que vão surgindo no mercado, mas admite ser fiel aos livros editados mais recentemente, apesar de nessa matéria não pretender à partida estabelecer nenhuma regra. Diz mesmo, com alguma ironia à mistura, que «a única regra assumida é não haver regra».
Talvez por isso vá lendo o que lhe apetece, tendo naturalmente em conta um factor importante, ou seja, os géneros de literatura que mais lhe agradam. E ai a preferência vai para contos e romances de cânone clássico, designadamente de Tchekhov, Gogol, Kafka e Musil. Mas a leitura dos «grandes» é, de quando em vez, alternada com biografias de artistas e de escritores e também, reconhece, «de alguns valentes contemporâneos».
Tem entre mãos- vai a meio da leitura- Infinit Jest, de David Foster Wallace, e diz-se atento aos mais modernos e, neste caso, cita Gonçalo M. Tavares, escritor com quem está a projectar um teatro flutuante.
O facto de ter vivido alguns anos em Inglaterra e nos Estados Unidos fez que ganhasse o hábito de ler línguas originais ou, em casos extremos, nas traduções em inglês. Como viaja bastante, tem o vício de comprar livros no estrangeiro.
Ainda recentemente esteve em Istambul e de lá trouxe uma lista de livros a encomendar em que constam alguns dos contos populares da oralidade turca e a história da zona de Sultanahmet, onde se encontram o Palácio Topkapi, Hagia Sophia e a Mesquita Azul.”

Agostinho Santos, NS’ 221, Diário de Notícias
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O arquitecto açoriano, Bernardo Rodrigues é reconhecido internacionalmente pelos projectos arrojados e experimentalistas que desenvolve na área da arquitectura sustentável. Os nomes originais com que baptiza cada edifício, denunciam um grande leitor, estes nomes são algumas das imagens de marca de um conjunto de obras dispersas por países como os Estados Unidos, a China, o Japão, o Dubai e Portugal.
Entre os exemplos mais paradigmáticos destacam-se o hotel “O Arco e a Orquídea”, em Xian (China), a casa privada “Opus Lusa” e a “Capela da Luz Eterna”, nas ilhas Terceira e São Miguel, respectivamente.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ilhas Perdidas


«Agora vejo que , cansaço terrevil era o meu, e quanto me ficaram as saudades. Este postal irá para vós de Halifax, com o quanto foi bom ter-vos comigo. Não tantas vezes como desejaria, mas à partida e à chegada, como os destinos mandam quando o são. Ainda não li nada, que não readquiri cabeça para isso, escreverei depois. Hoje, passei pelos Açores: a oeste da Graciosa, depois entre as Flores e o Corvo, perdidas no mar - e portuguesas. Como estariam senão assim? O grande abraço para vós do Jorge»
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Bilhete Postal, 19 de Fevereiro 1969, Correspondência 1959-1978, Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena, 3ª edição Guerra & Paz.
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Agora com nove cartas inéditas, este volume reúne a correspondência trocada entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena. O resultado é um impressionante retrato social, histórico e moral do Portugal dos anos 60 e 70. Retrato de um país perdido. Retrato de « dezoito anos de ausência que poderiam ter sido dezoito anos de convívio, de encontros, conversas, riso comum, aflições e alegrias comunicadas.»
Retrato de um país roubado.

domingo, 4 de abril de 2010

Caravaggio

Caravaggio, Deposizione

As obras primas do mestre barroco claro-escuro, estão patentes em Roma, numa exposição-homenagem, que assinala os 400 anos da morte do grande Michelangelo Merisi, dito Caravvagio (1571-1610).
É caso para dizer, Quem tem olhos vai a Roma.
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Caravaggio, Scuderie del Quirinale, Roma até 13 Junho.

sábado, 3 de abril de 2010

Nova Iorque de Behan


“Excepcional e engenhoso monólogo, o livro de Brendan Behan é um solilóquio tão emotivo quanto humorístico sobre a cidade de Nova Iorque, que o autor considera (eu também) o lugar mais fascinante do mundo.

Nada- diz Behan- pode comparar-se a essa cidade eléctrica, que é o centro do universo. O resto é silêncio, flagrante obscuridade. « Depois de ter estado em Nova Iorque», diz Behan, «qualquer pessoa que regresse a casa dar-se-á conta de que o seu lugar de origem é bastante escuro.»

A mim acontece-me sempre isto quando deixo Nova Iorque e regresso à minha cidade, e este livro de Behan é em parte culpado de isso me acontecer, porque o livro deixou em mim uma estranha saudade de bares onde nunca entrei.”


Enrique Vila-Matas, Prefácio


“O acaso é um extraordinário conselheiro de leitura. Soube deste livro e do nome de Brendan Behan por um texto de Enrique Vila-Matas publicado no El Pais, em 2008. O entusiasmo do escritor espanhol despertou-me o interesse, e a leitura deste retrato ébrio de Nova Iorque fez-me pensar de imediato que teria de o partilhar.”


Carlos Vaz Marques, Coordenador da colecção



Nova Iorque, Brendan Behan, Ed. Tinta Da China

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Influência


Um fresco de Pompeia que representa um casal romano, Paquio Proculo e a sua mulher. O homem tem na mão um rolo de pergaminho ou papiro, a mulher parece ter umas tabuinhas na mão esquerda e um estilete, com o qual escrevia. Certamente um casal que lia e escrevia, partilhado o amor pelo livros.
Será possível imaginar que dois seres estejam de tal modo próximos que os seus livros e leituras coincidem? Sim podem, a partilha do mesmo livro, o perfume entranhado entre páginas, o folhear sentido, a passagem sublimada naquele acto solitário que é a leitura, apenas quebrado quando não se resiste e se lê em voz alta, aquele excerto que não consegue esperar. Não correr o risco de não poder seduzir a pessoa amada, por não se ter lido os livros de que ela gosta. Ter, se não as mesmas leituras, pelo menos, leituras em comum com o outro, constitui uma das condições para uma perfeita harmonia. Afirmar que as nossas relações sentimentais são profundamente marcadas pelos livros, pode ser uma banalidade, mas a influência que as personagens dos romances exercem sobre as nossas escolhas amorosas, é real.
O livro é certamente uma arma de sedução, talvez um amor partilhado, efectivamente pode dar-nos acesso aos sentimentos mais íntimos e secretos.

Dia Mundial do Livro Infantil

Hans Christian Anderson nasceu a 2 Abril de 1805
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"Bem no fundo do mar a água é azul como as folhas das centáureas, pura como o cristal mais transparente, mas tão transparente, mas tão profunda que seria inútil jogar ali a âncora e, para medi-la, seria preciso colocar uma quantidade enorme de torres de igreja umas sobre as outras a fim de verificar a distância que vai do fundo à superfície.
Lá é a morada do povo do mar. Mas não pensem que esse fundo se compõe somente de areia branca; não, ali crescem plantas e árvores estranhas e tão leves, que o menor movimento da água faz com que elas se agitem, como se estivessem vivas. Todos os peixes, grandes e pequenos, vão e vêm entre seus galhos, assim como os pássaros o fazem no ar."

A Sereiazinha, Hans Christian Anderson


quinta-feira, 1 de abril de 2010