quarta-feira, 29 de maio de 2013

Recordação Saudosa


Na abertura da Livraria SolMar, José Garcia, Mário Machado, Daniel de Sá, António Lobo Antunes, José Carlos Frias, Ferreira Pinto, Albano Pimentel, 1991.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A Descoberta do Mundo


" Meu pai acreditava que não se devia tomar logo banho de água doce: o mar devia ficar na nossa pele por algumas horas. Era contra a minha vontade que eu tomava um chuveiro que me deixava límpida e sem o mar.
A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar?
Nunca mais?
Nunca mais.
Nunca."

Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo, Ed. Relógio D'Água, 2013.

«(Nos seus textos jornalísticos) Clarice não abandonou completamente muitos dos seus velhos temas metafísicos, mas também escrevia crónicas sobre a sua vida como mãe e dona de casa, em termos abertamente pessoais." Acho que se escrever sobre o problema da superprodução do café do Brasil terminarei sendo pessoal", disse ela numa das colunas. Escrevia acerca dos filhos, dos amigos, das empregadas, da sua infância, das viagens, de tal forma que A Descoberta do Mundo, uma colectânea com os artigos que escreveu nas suas colunas, publicada postumamente, pode considerar-se quase uma autobiografia.»

Benjamim Moser, em Clarice Lispector, Uma Vida.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Outros Nomes, Outras Guerras

                                                                     Os Emigrantes, Domingos Rebelo



 
Domingos Rebelo emigrando-se

 
Ao Eduardo Bettencourt Pinto
Ao Emanuel Jorge Botelho

 

Estaria ausente o pintor quando
no cais antigo as mulheres
desembarcavam os maridos os baús
e as crianças? Talvez não o saibamos
unca, mas alguém nos dirá o que olham
estes olhos distantes
e perdidos mesmo antes de partidos? Janelas
de Ponta Delgada, que horizontes vos não fixam
e se vos negam?
De certo ou seguro quase apenas a demora
do gesto em suspensão, a quietude
prolongando a inadiável partida pré-
-sentida já nos objectos que, fragmentando-se, da tela
se ausentam, se desagregam: destroços, pois,
ou resíduos com que almas e corpos
se alinhavam e costuram, matéria demais para a exígua
saca de retalhos anterior a circunstanciais
modismos de patchwork – oh como estes nomes desnomeiam
a pensada emoção das coisas!
Mas se não estava ausente o pintor
já por certo se lhe repartia o corpo
entre a ilha e a viagem – metáfora por ele inscrita
nos inversos corações sobre a viola que não tocará
esta mulher sentada e fixando-nos para lá do lenço
e do silêncio: só ela dirá da solidão
a que o pintor se rendia
quando, ao fim dos trabalhos, do porto se apartava
e da tela.

 
Urbano Bettencourt, Outros Nomes, Outras Guerras.
Lançamento dia 16 Maio, 20.30horas, na Livraria SolMar.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Outros Nomes Outras Guerras



O presente volume contém uma selecção de poemas que vêm desde o seu primeiro livro, Raiz de Mágoa (1972) até ao recente África Frente e Verso, e inclui ainda uma breve sequência de inéditos.
A poesia de Urbano Bettencourt requer o nosso reencontro de tempos a tempos, uma sucessão de olhares e pensamentos. Não se trata tanto aqui de uma poesia de conceitos ou ideias, mas sim uma ideia ou conceito de poesia onde tudo cabe ou tudo poderá ser sugerido e insinuado, onde o melhor da nossa tradição literária converge para que possamos redefinir constantemente quem somos e de onde vimos.

Vamberto Freitas ( Prefácio)

outros nomes outras guerras, de Urbano Bettencourt, ed. Companhia das Ilhas, 2013.