domingo, 29 de março de 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

Para acabar de vez com a leitura


No Dia do Livro Português, aqui fica o depoimento lúcido de António Barreto:
“Da maneira como o Governo aposta na informática, sem qualquer espécie de visão crítica das coisas, se gastasse um quinto do que gasta, em tempo e em recursos, com a leitura, talvez houvesse em Portugal um bocadinho mais de progresso. O Magalhães, nesse sentido, é o maior assassino da leitura em Portugal. Chegou-se ao ponto de criticar aquilo a que chamaram “cultura livresca”. O que é terrível. È a condenação do livro. Quando o livro é a melhor maneira de transmitir cultura. Ainda é a melhor maneira. A coroa de todo este novo aparelho ideológico que está a governar a escola portuguesa – e noutras partes do mundo é o Magalhães. Ele foi transformado numa espécie de bezerro de ouro da nova ciência de uma nova cultura, que , em certo sentido, é a destruição da leitura."

Entrevista a António Barreto por Carlos Vaz Marques, Revista Ler nº78

quarta-feira, 25 de março de 2009

Visionário do Estranho



Edgar Allan Poe foi o precursor “do maravilhoso”, expoente do chamado Movimento Romântico Americano.
Poe de personalidade complexa, foi uma das grandes figuras mais notáveis da literatura, insuperável na sua imaginação, no seu reino do fantástico e alucinado.
Sendo este ano assinalado o bicentenário do seu nascimento, várias foram as publicações e reedições do sombrio autor de “O Corvo”, que surgiram nos escaparates das livrarias, chamo especial atenção para a edição da Obra Poética Completa, editado agora pela Tinta da China com o apoio da Fundação Luso-Americana, em hardcover, com tradução, introdução e notas de Margarida Vale de Gato, e ilustrações de Filipe Abranches.
Fernando Pessoa grande admirador e tradutor de alguns dos poemas de Poe, disse o seguinte:
“O que distingue acentuadamente a personalidade mental de Edgar Poe é a coexistência nele de uma imaginação fantástica e delirante, de extraordinária subtileza e eteridade, e um raciocínio frio, claríssimo, maravilhoso na análise como na síntese. Foi isto que permitiu que, a par de poemas estranhos e por fim delirantes, fosse, em prosa, autor de contos que se assemelham em natureza aos seus poemas.”
Allan Poe teve uma vida curta (morreu aos 40 anos), caótica e infeliz, deixando-nos uma obra genial.

sábado, 21 de março de 2009

Dia Mundial da Poesia

o poeta é um guardador

guarda a diferença
guarda a indiferença

no incerto
guarda a certeza da voz


Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades"

A SolMar Na Ribeira Grande

Hoje Dia Mundial da Poesia e nos próximos dias, mais de sessenta eventos vão dar cor à cidade da Ribeira Grande, uma Primavera recheada de cultura, numa iniciativa da Câmara Municipal da Ribeira Grande.
Pela primeira vez esta cidade vai ter uma Feira do Livro, que começa hoje (dia21) até 2 Abril, no foyer do Teatro Ribeiragrandense, surgindo numa iniciativa conjunta do centro local de aprendizagem da Universidade Aberta, da Livraria SolMar e O Gil.
Musica , dança, teatro, cinema, exposições, lançamentos e debates fazem parte da agenda promovida pela Prim’Arte.
No suplemento especial Prim’Arte do Feedback100% José Carlos Frias responde a algumas questões:
Feedback100% - O que significa para uma livraria, a sua participação numa feira?
José Carlos Frias – para nós livreiros, constitui uma excelente oportunidade, para divulgarmos as novidades literárias e não só, junto das comunidades, como é o caso concreto da Ribeira Grande, que não dispõe de uma livraria, logo os munícipes terão oportunidade de um contacto com os livros, que geralmente não chegam à cidade do norte, levando a que as populações de lá se desloquem a outros sítios para os adquirir. Para nós, é sem dúvida muito importante, porque traz-nos uma mais-valia, em termos de divulgação e de proximidade com as populações onde estas feiras são organizadas.
Feedback100% - O que é para ti um livro?
José Carlos Frias - Para mim, o livro é uma vida. Ela confunde-se com os livros, porque desde pequeno que trabalho com e para eles. Não sei, nem tento sequer imaginar, o que seria a minha vida sem um livro. Levanto-me a pensar em livros. Isto pode parecer monótono mas desenganem-se, porque estamos a falar de um mundo verdadeiramente vasto e rico.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A Corte De Agustina

"E não tenhamos ilusões: a literatura é mais aberta do que o cinema. O cinema fixa coisas. Quando num romance se diz que uma pessoa está vestida com um casaco castanho, com uma gravata manchada de amarelo, com a camisa amarela eu pergunto: quantos castanhos há?"

João Botelho, Ípsilon

TRIBUNALIX

Enquanto Albert Uderzo prepara um novo álbum de Astérix, a sair em Outubro, para assinalar os 50 anos da personagem que criou com René Goscinny em 1959, a sua filha Sylvie Uderzo acusou o pai de ter cedido ás intenções do grupo Hacette, para que as aventuras do pequeno gaulês continuem a ser publicadas após a morte daquele.
Numa carta aberta publicada no Le Monde, Sylvie escreve” A tribo de irredutíveis gauleses que resistia sempre ao invasor, foi derrotada pelos piores inimigos de Astérix: os homens da industria e da finança.”
Albert Uderzo, actualmente com 81 anos sempre teve a intenção de fazer como Hergé: depois de partir não deveria haver mais álbuns de Astérix, assinados por outros autores.
Mas foi necessário a decisão do tribunal francês, dando razão à filha, num processo que o faz cumprir a promessa por ordem judicial.
É caso para dizer que a poção mágica estragou-se ou estes gauleses devem estar LOUCOS!
Por TOUTATIS chamem já OBÉLIX. PAFF! PAFF!

terça-feira, 17 de março de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

Devorar Livros



Premiado com um Irish Book Award na categoria de livro infantil do ano(2007), Oliver Jeffers conta-nos a história de um rapaz peculiar. Uma edição da Orfeu Negro.

Esta é a história de um rapaz com um apetite…por livros. Um dia, assim por acaso, o Henrique descobre esta estranha paixão, que se transforma numa mania constante e deliciosa!
E eis a parte melhor: quanto mais livros devorava mais esperto ficava.

O Henrique adorava livros
Mas não exactamente como nós adoramos livros
Não era bem a mesma coisa…

Brevemente na livraria.

domingo, 15 de março de 2009

Porque Amamos

George Hoyningen-Huene

O que é o amor? Será, como escreveu Séneca, “algo que não se define”? Será, como escreveu Stendhal, “ o milagre da civilização”? Ou será” mais arte que sentimento”, como defendeu Paul Morand?
A discussão é tão antiga quanto as inquietações sobre as origens do homem. Através de séculos, poetas, escritores e artistas, iluminaram-nos a alma e rasgaram-nos o coração “nascemos para amar e o amor é o princípio da existência e seu único fim”, escreveu o autor britânico Benjamin Disraeli.
A antropóloga norte-americana Helen Fisher, autora de Porque Amamos – A natureza Química do Amor (Relógio D’Agua 2008) dedicou a sua carreira a decifrar este enigma. A autora defende que o amor é, friamente química, uma alquimia complexa que envolve duas hormonas sexuais, a testosterona e o estrogénio, e dois neurotransmissores, a dopamina e a serotonima ( os mesmos que são activados pelas drogas duras). O magnetismo incontrolável, o desejo desenfreado, aquele sentimento de vertigem que nos atrai a alguém, é literalmente química. Ficando a dever muito ao romantismo, Fisher socorre-se de Darwin para explicar, que o amor mais do que um sentimento nobre e transcendental, existe para permitir a reprodução da espécie, com o fim nobre da sobrevivência da raça humana.
Conclusão como animais sexuais que somos, não precisamos de amar para nos envolvermos sexualmente, mas todos procuramos a pessoa ideal para assentar e constituir família. As boas notícias é que existe esta química em cada um de nós, basta encontrar a pessoa certa para a activar.
Julgo que a receita não destrói o romantismo como diz a antropóloga no seu livro “ podemos conhecer todos os ingredientes químicos de um bolo de chocolate e ainda assim desfrutar do prazer de come-lo”.
Nisto de amar perdidamente, o coração tem caminhos que a própria razão desconhece.
É melhor deixar que o acaso desperte aquela química.

quinta-feira, 12 de março de 2009

HOPPER


Vou hoje à noite ao bar
beber uma bebida verde,
gelada
A rua arrasta-se
em casas de tijolo
e a luz surge do interior
do bar, rasa, obliquando
a arrumação esforçada
do balcão de madeira.

Ilumina o vestido vermelho
da rapariga, os seus cabelos
ruivos. A pálida inconsistente
do barman, a sua presença
sem tempo.

A noite desce
nos ombros tensos e no perfil
exogâmico dos dois homens.
Na solidão sem prazo de outros
filmes. Abro devagar a porta
e vejo.

José Alberto Oliveira (1952)

quarta-feira, 11 de março de 2009

segunda-feira, 9 de março de 2009

Hoje no Teatro Micaelense

Antestreia do filme sobre a vida e obra de Antero de Quental, realizado por José Medeiros, uma produção da RTP Açores.

Antero Passou Por Aqui

Raul Resendes interpreta Antero Quental

sexta-feira, 6 de março de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

Relatos de Uma Revolução

Hoje

O escritor António Lobo Antunes dirigiu
edição do Publico de hoje
que assinala o seu 19ºaniversário.


domingo, 1 de março de 2009


“ Os livros a que o mundo chama imorais são os que confrontam o mundo com a sua própria vergonha”
Oscar Wilde

A discussão acerca da censura, pornografia, arte, estética, estupidez, ignorância das autoridades portuguesas, ministério público e PSP, motivada pela apreensão de um livro, Pornocracia de Catherine Breillat, numa feira do livro em Braga, por exibir na capa o quadro A Origem do Mundo de Gustave Coubert, considerado pornográfico pela polícia.
O editor Carlos Veiga Ferreira da Teorema, já disse ser uma técnica interessante de vender livros. Muita tinta derramada sobre o assunto, com direito a avisos moralistas na blogosfera (a condenar) e considerações a reter tais como:“A pornografia é o erotismo dos outros”,“ O artístico e o estético não podem ser confundidos com o pornográfico”.
Desta forma ficamos a saber que o famoso quadro do século XIX , está exposto em Paris no Musée d’Orsay, imagine-se que era uma obra contemporânea e de um artista desconhecido. O que mais me preocupa para além da vergonhosa cultura da PSP e do excesso de zelo do ministério público, é vivermos numa sociedade vigilante, com leis inquisidoras e governantes incultos.

Cuidado com as Capas

George Orwell deve andar às voltas na sepultura. Cinquenta anos depois de ter inventado o símbolo do estado totalitário, o Big Brother – o Grande Irmão, esse observador terrível e invisível cujos olhos e ouvidos implacáveis tudo vêem e ouvem –, o grande vigilante transformou-se num sinónimo do profundo tédio que se sente ao observar pessoas desconhecidas cortando pão, brigando ou praticando mau sexo. É o espectro do controlo oculto, o espírito do medo omnipresente e o demónio da polícia secreta que nos bate à porta às quatro da madrugada para nos conduzir à câmara de tortura ou ao campo de trabalhos forçados. O Governo controla a população por meio de vigilância constante, manipulação e lavagem ao cérebro. Fala-se linguagem propagandística. A utilização desta linguagem tem por finalidade aturdir intelectualmente a população, os seres humanos são sistematicamente embrutecidos.
O Estado espia os seus cidadãos por toda a parte, distorce a verdade e falseia a história.
Big Brother is watching you em 2009.

A Fornalha e A Origem do Mundo




A história decorre numa altura em que o mundo está organizado e a felicidade é obrigatória. Os bombeiros, guardas da ordem social, apenas têm a missão de queimar os livros, fonte de todos os perigos. E o papel só se incendeia quando atinge o grau de temperatura que dá o título ao romance Fahrenheit 451, bem como ao filme de François Truffaut.
Cuidado com a temperatura do nosso pais, em Braga e na blogosfera está a 451…

poesia de sexta à noite - camellia casa de chá