sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Tragédia de Uma Família Açoriana de Maria Filomena Mónica


Descendente de uma ilustre família açoriana, José do Canto apaixonou desde logo Maria Filomena Mónica que lhe dedica a obra que já classificou como o "livro da sua vida". Nascido em 1820, José do Canto era, no sentido próprio do termo, um "vitoriano". Apesar de natural de São Miguel e não de Inglaterra, a sua cultura era cosmopolita, sem no entanto jamais deixar de ter saudades da neblina, do mar e das laranjeiras da sua ilha - que queria perfeita. Foi por isso que a deixou e, por isso, que, muitos anos passados, a ela voltou. Nesta obra biográfica, Maria Filomena Mónica conta a história desta família em várias gerações, num retrato vívido e apaixonante de uma época.

« É a história do século XIX, do Portugal insular, da crença no progresso e na educação.
É uma história de grandes expectativas e de grandes desilusões. Mas além disso, é a história de pessoas: José do Canto, as suas irmãs, a sua mulher, a sua mulher, os seus filhos, os seus amigos. Ouvimo-los falar, quase os vemos viver. É um estudo histórico rigoroso, que não ocultou a matéria que resiste às categorias e explicações do historiador: a vida dos outros, em outros tempos, tal como eles a sonharam e sofreram»

Rui Ramos

Os Cantos A Tragédia De Uma Família Açoriana de Maria Filomena Mónica, Aletheia Editores.

À venda na livraria SolMar.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ExtraTexto


Prémio Teixeira de Pascoaes

Anthero Areia & Água de Armando da Silva Carvalho, edição da Assirio & Alvim ganhou o prémio de poesia Teixeira de Pascoaes.

Rasgadas as palavras de abandono
E luta. Mas a Terra é a escrita,
E o livro o Universo.

sábado, 13 de novembro de 2010

Hoje no Expresso - small song de Renata Correia Botelho

Esta poesia - trata-se aqui do segundo livro de Renata Correia Botelho impõe-se pela densidade de uma tonalidade afetiva, que é a da tristeza e do luto. Esse é o seu território exclusivo, onde se abrem abismos de estranheza, mesmo no interior do que é familiar. Conseguir manter sem interrupções esta tonalidade musical sem ceder aos apelos fáceis da subjetividade Iírica, eis o que faz deste livro um momento alto da poesia portuguesa mais recente. O título é retirado de uma canção de Lhasa de Sela, cantora americana que morreu em Janeiro deste ano, com 37 anos. É ela a figura de invocação da segunda parte do livro, toda ela uma canção lutuosa que irradia uma dimensão inquietante em todas as direções. Trata-se de uma beleza sinistra a que o trabalho da memória dá forma, desde o primeiro poema do livro: "A minha infância tem uma árvore/ assombrosa, é uma bela história de amor/entre as nossas mãos pequeninas/ e aqueles seus braços enormes, bravos e/ loucos como o riso das mães,/ que faziam abrandar o medo e a tarde." Sombras, fantasmas, demónios, escuridão: estes são os tropismos de "Small Song", não para projetar sobre a paisagem interior e exterior uma óbvia luz negra, mas para introduzir uma estranheza fundamental que é a do horizonte da morte. Esse é o tema fundamental deste livro, perseguido com obstinação e rigor, não como quem se defronta com o irrepresentável, mas como quem apreende em todo o lado as suas manifestações, as suas figurações expansivas, sob cujo signo tudo se apresenta. E, no entanto, triunfa uma serenidade e uma resistência a qualquer elevação retórica: esta poesia torna grandes as pequenas perceções, escava abismos temporais no plano presente, no aqui e agora. Aparentemente, com recursos mínimos.

António Guerreiro, Expresso 13 Novembro 2010.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A beleza e o inferno

Roberto Saviano, jornalista que, infiltrado durante anos no seio da Máfia napolitana, denunciou a organização criminosa no seu livro “Gomorra”, best-seller que deu origem a um filme, galardoado com o prémio do juri do festival de Cannes. Com a cabeça a prémio, Saviano tem andado em fuga permanente, clandestino no mundo. Estou a ler o livro que publicou a seguir a “Gomorra” que se intitula “A Beleza e o Inferno”. À sua vida de foragido, ao conhecimento da podridão, contrapõe a beleza, os focos de beleza que surgem no meio do inferno. É um conjunto de narrativas poderosas pelo seu humanismo, pela elegância das palavras, pela articulação do pensamento. Se por um lado, nos faz perder a esperança na humanidade, escrevendo sobre os malefícios do polvo napolitano, logo nos levanta com a descrição do esforço sobre humano de Lionel Messi, futebolista conhecido como “a pulga”, para, contrariando as suas limitações físicas se impõe com um dos grandes futebolistas de sempre. E de Joe Pistone do FBI que nos anos setenta, infiltrado numa família mafiosa fez julgar e condenar cerca de 150 pessoas envolvidas em actividades ilícitas. Durante seis anos longe da sua própria família Pistone teve de sobreviver ao medo. Ainda é foragido, com a cabeça a prémio, mas aprendeu a viver com esse peso imbuído com o sentido de justiça dos anos em que foi Donnie Brasco o seu nome de infiltrado que deu origem ao filme homónimo. “Nunca tive realmente medo. Se o tiveres lêem-to na cara. Estava sempre alerta. Sabia sempre que se tivesse feito um erro podia morrer. E o medo faz-te cometer erros.”
Roberto Saviano é um homem com coragem, como há poucos, empenhado num mundo melhor. É uma lição. “Escrever, não prescindir das minhas palavras, significou não me perder, não me dar por vencido, não desesperar.”

POPVILLE

Um Pop - Up fascinante, arquitectural e labiríntico sobre a metamorfose de uma cidade. Página após página, a cidade forma-se em volume depois do primeiro campanário, eis as novas casas, depois os edifícios, a abertura de estradas, a construção de uma estação e, finalmente as grandes torres que se erguem.
Um encanto visual, semelhante a um jogo de cubos, de Anouck Boisrobert e Louis Rigaud, com texto de de Joy Sorman, uma edição da bruaá editora.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fernando Aires 1928 - 2010




«Desde então, começaram a habituar as mãos uma na outra quase sem darem por isso, até que de uma vez, sem combinarem coisa nenhuma, encaminharam-se ao Aqueduto, entraram no Jardim Botânico – e foi num banco da Avenida das Tílias, ao som do repuxo do tanque, que ele se voltou, a olhou nos olhos, nos cabelos tão raros. As sombras errantes das tílias com súbitas cintilações. E a ternura – aquilo que foi aprendendo a chamar de ternura –, assim uma coisa intensa a rebentar-lhe dos olhos, e por dentro, sobretudo por dentro. Quase como um choro silencioso. Quase como.»

Fernando Aires, A Ilha de Nunca Mais, Lisboa, Salamandra, 2000 (Ficção).

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Aventuras de Augie March



É voz corrente que As Aventuras de Augie March equivalem, no século XX, às de Huckleberry Finn; e que Augie March é o Tom Jones do West-Side de Chicago, ou o Wilhelm Meister dos anos da depressão. Martin Amis, por exemplo, diz que As Aventuras de Augie March é o grande romance da literatura americana, e que não vale a pena procurar mais.
Nesta narrativa picaresca das glórias e vicissitudes da fortuna, o herói, um homem de qualidades indefiníveis, cuja motivação principal é a busca do amor, conta a sua história.
Esta envolve uma inigualável gama de esquemas e episódios mirabolantes – que vão do trato com pugilistas ao contrabando de emigrantes; do roubo de livros à organização de sindicatos; da segurança de Trotski, no México, ao treino de águias temperamentais na caça de lagartos gigantes, ou ao resgate da humanidade pela abolição do aborrecimento.
Escusado será dizer que estes projectos são acompanhados (ou interrompidos ) por relações com mulheres fortes, sempre excelentes amantes, e às vezes ricas.
Em As Aventuras de Augie March, Saul Bellow regressa à forma primordial do romance – o romance de formação – sempre consentânea com a observação humorística da variedade humana – fértil na criação de personagens – e a preferência da vida sobre a arte.
As Aventuras de Augie March de Saul Bellow, Ed. Quetzal

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Tarde Cultural


A Livraria Solmar Artes e Letras e o 9500 Cineclube promovem no próximo dia 6 de Novembro uma Tarde Cultural durante a qual acontecerá a comemoração do trigésimo aniversário da realização do filme “Manhã Submersa” - (da autoria de Lauro António, a partir da obra homónima do escritor Vergílio Ferreira) - bem como a evocação dos vinte anos da morte do dramaturgo e poeta Carlos Wallenstein que também participa no referido filme.

Esta tarde cultural que se insere nas comemorações dos 20 anos da Livraria Solmar terá ínicio pelas 17.00h, no espaço da livraria, com uma intervenção da Srª. Professora Doutora Rosa Goulart focada na vida e obra de Vergílio Ferreira seguida de intervenção do actor José Wallenstein centrada na obra do seu pai.
Pelas 18.00h sala de cinema do Solmar Avenida Center será exibido o filme “Manhã Submersa” realizado por Lauro António em 1980.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010