quarta-feira, 28 de abril de 2010

7 Mandamentos para Quem Quiser Ser Um Bom Leitor

Na sua obra Como um Romance, Daniel Pennac criou, com uma boa dose de ironia, os 10 direitos inalienáveis do leitor. Ao lê-los, eu, um leitor pouco ortodoxo nas escolhas (os 5 até coexistiram pacificamente com o Saramago), fiquei intrigado com direitos como o de “saltar páginas” ou o de “não falar do que se leu”. Mais ainda com o 1º, o de “não ler”.
Então, pensei: se já há os direitos, por que não os mandamentos?
Deixo aqui um modesto contributo.
1º Não invocar o que se leu em vão (a presunção é feia e tem a perna curta como a mentira); 2º Guardar um dia por semana para a leitura (não seja fundamentalista, escolha o dia que mais lhe convier). 3º Não matar os livros (pecado que, em Portugal, editoras e Estado têm praticado mas pelo qual não são condenados. Conselho: dêem os livros que não vendem); 4º Guardar castidade nas palavras e nas obras, desde que sejam de qualidade (e entenda-se por castidade a pureza da língua escrita); 5º Não roubar livros (creia que a vergonha e a multa não valem o preço do livro); 6º Não inventar falsas leituras (não diga que lê o Saramago se a sua leitura é a revista Maria ou o jornal a Bola); 7º e último, não cobiçar o livro alheio. Compre-o. Agradecem-lhe o dono do alheio e o livreiro.
Dirá o leitor: só 7? Não é tradição que os mandamentos se vendam em pacotes de 10? Pois é, mas o número 7 não é só o dos pecados mortais, é também o da perfeição (e a tradição já não é o que era).

Marco Macedo Machado
23/04/2010

1 comentário:

Anónimo disse...

Mesmo assim, deviam ser 10, porque isso dava-nos a possibilidade de pecarmos desportivamente em relação a três deles (a ideia é um roubo descarado a Augusto Monterroso).
Urbanobett.