sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Amante

Marguerite Duras


“ Esse estalar da música de Chopin debaixo do céu iluminado de brilhantes. Não havia uma aragem e a música espalhara-se por todo o navio negro, e a rapariga chorara porque pensara naquele homem de Cholen e de súbito não tivera a certeza de não o ter amado com um amor que ela não vira porque se perdera na história como a água na areia e só agora o reencontrava nesse instante da música lançada através do mar.”
A escritora francesa que nasceu na Indochina, Marguerite Duras (1914-1996), era reservada mas provocadora no delírio das emoções e na plena beleza das palavras. Livros autobiográficos, teatro, argumentos de filmes, quase sempre com o oriente em fundo. Na solidão escrevia suas obras, em que as viagens surgem por dentro. Episódios e cenários, intrigas e romances, inspirados em lugares da infância e da adolescência com seus dilemas e fantasmas. O universo de Duras com amores e amarguras, numa época em que as viagens duravam vinte e quatro dias, em que nos navios se formavam sociedades do acaso, encontros, amantes, que irresistivelmente se tornavam por vezes transparentes como a água do mar da china do norte, ou trágicos de inesquecível encanto. “Então o barco dizia adeus ainda mais uma vez, lançava de novo os seus mugidos terríveis e tão misteriosamente tristes que faziam as pessoas chorar “. Em 1984, publica o semi-autobiográfico romance O Amante, que ganhará o prémio Goncourt e que dará origem ao filme controverso de Jean-Jacques Annaud.

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