São conhecidas as piadas sobre os políticos que citam livros que não leram, e mais grave que não existem. Para a história ficou a Utopia de Thomas Mann, que esteve na mesa de cabeceira de Cavaco Silva, e na história mais recente, Passos Coelho leu Fenomenologia do Ser de Jean-Paul Sartre, uma obra que afinal não existe. Mas pior que isto, são os livros que políticos e candidatos escrevem ou encomendam a escritores fantasmas, com fins estritamente eleitorais, que se compra e ninguém lê. Candidato que se preze, em campanha esgrima com o livro portador das linhas estratégicas para o país, capa com a foto a preceito, e prefácio do padrinho político.
Ora vejamos, no PSD os candidatos apresentam as suas propostas; Santana Lopes com o título A Cidade é de Todos, ele anda por ai, mas a cidade foi para o Costa, e os livros para a guilhotina. Marques Mendes lançou Mudar de Vida, e mudou, Paulo Rangel para a Europa, escreveu O Estado do Estado, belo título, esqueceu-se da palavra péssimo no mesmo. Muito original é Passos Coelho, chama o seu livro Change , (erro meu este deve ser do Obama) o título correcto é Mudar, com lançamento por todo o país inclusive em Ponta Delgada, jotinhas e aspirantes na sessão de autógrafos, óptima nota de utilidade pública na blogosfera açoriana. Pelo caminho ficou-se o Deus Desceu á Terra do professor Marcelo, resta saber se prefacia algum candidato a líder do partido.
Num patamar mais elevado, muita é a produção dos nossos candidatos presidenciais, até agora temos um poeta, um medico humanista, e um professor de finanças, todos muito bons escribas. Cavaco Silva, conta com dois volumes de Autobiografia Política, curiosamente o título mais procurado do presidente chama-se Finanças Públicas, que se encontra esgotado, tal e qual as finanças do país. Fernando Nobre, dá Gritos Contra A Indiferença, faz justiça ao seu nome e com nobreza escreve Humanidade, o poeta Manuel Alegre, com obra que ficará certamente na história da literatura portuguesa, lança em Março, O Miúdo que Pregava Pregos Numa Tábua, diga-se um título sem qualquer preocupação eleitoral. Quanto ao nosso primeiro, espera-se no futuro o livro de memórias, que forçosamente se chamará Sob Escuta, assim uma espécie de ebook com cd- áudio, links com receitas de almoços acidentados, e vídeos com telejornais indesejados , um verdadeiro plano tecnológico editorial, sucesso garantido ou talvez não.
Nos Açores, as eleições regionais não estão no horizonte, mas é preciso praticar, escrever crónicas de opinião, frequentar cursos de escrita criativa, afinal salvaguardando as devidas diferenças, Winston Churchill foi prémio Nobel da literatura.
1 comentário:
Inteligente e com humor!
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