quinta-feira, 12 de março de 2009

HOPPER


Vou hoje à noite ao bar
beber uma bebida verde,
gelada
A rua arrasta-se
em casas de tijolo
e a luz surge do interior
do bar, rasa, obliquando
a arrumação esforçada
do balcão de madeira.

Ilumina o vestido vermelho
da rapariga, os seus cabelos
ruivos. A pálida inconsistente
do barman, a sua presença
sem tempo.

A noite desce
nos ombros tensos e no perfil
exogâmico dos dois homens.
Na solidão sem prazo de outros
filmes. Abro devagar a porta
e vejo.

José Alberto Oliveira (1952)

2 comentários:

Maria B disse...

Hoje não, amanhã :)

Maria das Mercês disse...

Adoro Hopper. Não conhecia o texto, excelente ideia!