sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Diário de Paul Auster




“Pensas que nunca te vai acontecer, que não te pode acontecer, que és a única pessoa no mundo a quem essas coisas nunca irão acontecer, e depois, uma a uma, todas elas começam a acontecer-te, como acontecem a toda a gente. Fala agora, antes que seja tarde, e depois espera poder continuar a falar até que não haja mais nada para dizer. Afinal de contas, o tempo está-se a esgotar. Talvez não seja pior pores de lado por agora as tuas histórias e tentares passar em revista o que foi para ti viver dentro deste corpo desde o primeiro dia de que tens memória de estar vivo até ao dia de hoje. Um catálogo de dados sensoriais. Aquilo a que se poderia chamar uma fenomenologia da respiração.     É um facto incontestável que já não és jovem. Dentro de um mês vais fazer sessenta e quatro anos e, sem seres excessivamente velho, sem teres aquilo que qualquer pessoa designaria por uma idade avançada, não podes deixar de pensar em todos aqueles que não conseguiram ir tão longe como tu. Aí está um exemplo das várias coisas que nunca poderiam acontecer, mas aconteceram mesmo.”
 
Paul Auster, incansável criador de ficções e de personagens inesquecíveis, vira agora o olhar para si próprio e para o sentido da sua vida. As descobertas da infância e as experiências da adolescência, o compromisso com a escrita – que marcou a sua entrada para a idade adulta –, as viagens, o casamento, a paternidade, a morte dos pais… Uma vida que transborda das páginas deste Diário de Inverno, um definitivo autorretrato construído com a paixão e a transbordante criatividade literária que são as marcas distintivas da identidade deste escritor amado pelos leitores e admirado pela crítica.
Diário de Inverno, Paul Auster, Ed. Asa.


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