«Leitura de viagem – uma designação
genérica repleta de conotações de inferioridade. Encontra-se largamente
divulgada a opinião de que o que se lê em viagens tem de ser do mais leve e
superficial, balelas que ajudam a «passar o tempo». Eu nunca entendi semelhante
atitude. É que, à parte o facto de a chamada literatura de entretenimento ser
sem dúvida a mais aborrecida do mundo, não consigo descortinar por que motivo
uma pessoa, logo numa ocasião tão solene e séria como a que representa uma
viagem, deverá descer abaixo dos seus hábitos intelectuais e passar a
satisfazer-se com futilidades.»
Thomas Mann, 1934.
Thomas Mann
realizou dez viagens aos Estados Unidos. Na primeira navegou a bordo do Volendam.
No decurso dessa viagem o escritor dedicou-se à leitura de uma edição em quatro
volumes de Dom Quixote e ocupou-se ainda com a escrita de um diário, a que
chamou Viagem Marítima com Dom Quixote, onde, por um lado, expressa
opiniões -certeiras, iluminadas, inteligentes -sobre a obra de Cervantes, e,
por outro, descreve a vida a bordo e narra pequenos incidentes. Um magnífico
ensaio que testemunha o envolvimento de um grande escritor com a obra-prima de
outro grande nome da literatura.
Viagem
Marítima com D. Quixote, Thomas Mann, Ed. D.Quixote.
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