Martin Amis
“A definição mediática de Martin Amis (n. 1949) foi
automática no início da sua carreira: ele era o «bad boy da literatura
inglesa», e continuou a sê-lo muito para lá do cronologicamente razoável.
(Google-se a expressão «bad boy of english literature/english letters» e ainda
se encontram dúzias de artigos, alguns publicados quando Amis já era
cinquentenário.) Mas no princípio dos anos 90 algo aconteceu. O jornalismo
britânico reagiu coletivamente como um anfitrião exasperado. O bad boy fictício
cuja presença tolerara durante anos continuava ali, recusando levar a sua badboyness
para outro sítio. Medidas de emergência foram tomadas e o bad boy foi
reclassificado como bad man. Para validar a nova «personalidade», alguns factos
foram apresentados: Amis abandonou a sua mulher; Amis despediu a sua agente;
Amis zangou-se com um dos seus melhores amigos; Amis pediu fortunas pelos
direitos de um novo romance; Amis queria dentes novos e um carro desportivo;
Amis estava fora de controlo. A informação surgia em torrente, e as manchetes
escreviam-se praticamente sozinhas. A Informação – o romance publicado em 1995,
no meio desta tempestade tabloide – não se escreveu sozinho, mas o leitor na
posse de toda a informação prévia pode sentir-se tentado a cometer várias
falácias biográficas ao longo do caminho. Os temas, como sempre na ficção de
Amis, são tão garridos como manchetes do Daily Mirror: sucesso e fracasso, os
dramas mesquinhos da masculinidade, rivalidade, violência, humilhação. Mas se
tudo isto é familiar, nunca antes parecera tão terrivelmente pessoal. A
Informação não é autobiografia disfarçada, nem sequer um roman à clef, mas mais
do que qualquer ficção de Amis, parece arrancada ao osso.”
Rogério Casanova, Revista Ler
«E depois há a informação, que é nada, e vem de noite.»
Martin Amis
A Informação, Martin Amis, Ed.Quetzal.
Sem comentários:
Enviar um comentário