domingo, 15 de março de 2009

Porque Amamos

George Hoyningen-Huene

O que é o amor? Será, como escreveu Séneca, “algo que não se define”? Será, como escreveu Stendhal, “ o milagre da civilização”? Ou será” mais arte que sentimento”, como defendeu Paul Morand?
A discussão é tão antiga quanto as inquietações sobre as origens do homem. Através de séculos, poetas, escritores e artistas, iluminaram-nos a alma e rasgaram-nos o coração “nascemos para amar e o amor é o princípio da existência e seu único fim”, escreveu o autor britânico Benjamin Disraeli.
A antropóloga norte-americana Helen Fisher, autora de Porque Amamos – A natureza Química do Amor (Relógio D’Agua 2008) dedicou a sua carreira a decifrar este enigma. A autora defende que o amor é, friamente química, uma alquimia complexa que envolve duas hormonas sexuais, a testosterona e o estrogénio, e dois neurotransmissores, a dopamina e a serotonima ( os mesmos que são activados pelas drogas duras). O magnetismo incontrolável, o desejo desenfreado, aquele sentimento de vertigem que nos atrai a alguém, é literalmente química. Ficando a dever muito ao romantismo, Fisher socorre-se de Darwin para explicar, que o amor mais do que um sentimento nobre e transcendental, existe para permitir a reprodução da espécie, com o fim nobre da sobrevivência da raça humana.
Conclusão como animais sexuais que somos, não precisamos de amar para nos envolvermos sexualmente, mas todos procuramos a pessoa ideal para assentar e constituir família. As boas notícias é que existe esta química em cada um de nós, basta encontrar a pessoa certa para a activar.
Julgo que a receita não destrói o romantismo como diz a antropóloga no seu livro “ podemos conhecer todos os ingredientes químicos de um bolo de chocolate e ainda assim desfrutar do prazer de come-lo”.
Nisto de amar perdidamente, o coração tem caminhos que a própria razão desconhece.
É melhor deixar que o acaso desperte aquela química.

3 comentários:

Maria Brandão disse...

O amor é uma droga dura. Eu prefiro as leves: dão menos moca e não causam habituação ;)

Anónimo disse...

Bom eu adoro bolo de chocolate, chato é ter que me controlar para não comer demais.
Madona

Maria B disse...

Só pessoas que amam perdidamente
(e que fazem parte dos tais 10% de que a outra falou) podem escrever assim :)))