quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Party


Um século de vida de um cineasta, 77 anos de bom cinema. Já sei vão dizer:
génio em país pequeno, grande seca, obra incompreendida, muito lento, mestre do detalhe e salas vazias.
Manoel de Oliveira diz que publico são os urinóis, mas o que lhe interessa são os espectadores . João César Monteiro dizia “ o país tem (inexplicavelmente) um cineasta demasiado grande para o tamanho que tem. Portanto, das duas uma: ou alargam o território ou encurtam o cineasta.”
Toda a sua vida confunde-se com a história do cinema e por todas as boas razões marca um século.
Manoel de Oliveira conta com uma guarda de luxo no restritíssimo clube dos centenários ilustres em actividade. Acompanham-no a ele três grandes senhores:
Elliot Carter, compositor norte – americano nasceu no mesmo dia de Oliveira, grande nome e inovador da música do século XX, obteve dois pulitzer com as suas obras para orquestra. Claude Levi – Strauss, belga pai da antropologia estruturalista é um dos intelectuais do século, defendeu sempre não haver diferença entre as mentes selvagens e civilizadas. Visionário. Oscar Niemeyer é o mais velho dos génios criadores, faz já 101 anos. Arquitecto, projectou Brasilia e diz “ o que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida”, pensamento belo mas polémico como todos os seus projectos. Polémicos são estes senhores, mas têm obra viva, e só a morta não o é. Honra nossa sermos seus contemporâneos.
Festeje vendo “ Party” rodado em S. Miguel.,

1 comentário:

Vitor Marques disse...

Bom texto e boa proposta.