“Minha querida Maria. Recebi a tua cartinha de
10 de maio escrita um pouco mal para a tua idade e adiantamento. Parece-me que
tu não tens cuidado muito de estudares, e enquanto Mamam não me mandar dizer
que tu te aplicas como no meu tempo eu não deixarei de te mostrar sempre que
tenha ocasião o meu desprazer: quando tu, minha filha, chegares a uma idade
mais avançada, tu não deixarás de conhecer que eu tinha razão de te desejar ver
instruída, o efeito de não ter recebido uma educação conveniente eu tenho
sentido, tudo que tenho feito tem sido porque Deus me tem favorecido, eu não quero
que tu me julgues para o futuro um pai descuidado de tua educação, antes quero
que me tenhas por severo.
O amor que te tenho, minha querida
filha, é que faz falar-te tão claro, eu espero que tu estudes d’ora em diante
como convém a quem tem que reger uma Nação que precisa de bons exemplos e de
uma rainha assaz instruída (…)”.
Carta de D. Pedro IV,
rei de Portugal e Imperador do Brasil, a D. Maria II
(In) D.Pedro IV, Paulo Rezzutti, Casa das
Letras, 2016.
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