sexta-feira, 25 de maio de 2018

Meridiano 28 de Joel Neto


Em 1939, o mundo entrou em guerra. Foi o conflito mais mortífero da História da Humanidade. Mas, na pequena ilha açoriana do Faial, ingleses e alemães conviveram em paz durante mais três anos. Eram os loucos dos cabos telegráficos.
No mar em frente emergiam os periscópios de Hitler. Dezenas de navios britânicos eram afundados todos os meses. Já em terra, as crianças inglesas continuavam a aprender na escola alemã, dividindo as carteiras com meninos adornados de suásticas. As famílias juntavam-se para bailes e piqueniques.
Os hidroaviões da Pan Am faziam desembarcar estrelas de cinema e de música, estadistas e campeões de boxe. Recolhiam-se autógrafos. Jogava-se tennis e croquet. Dançava-se ao som do jazz. Viviam-se as mais arrebatadoras histórias de amor.
QUEM FOI HANSI ABKE?
QUE SOMBRA LANÇA HOJE SOBRE O DESTINO DE JOSÉ FILEMOM MARQUES, O SOBRINHO CRIADO NO BRASIL?
Um romance que vai de Lisboa a Nova Iorque, de Friburgo a Praga, de Bristol a Porto Alegre e às ilhas açorianas, onde todos são descobertos e ninguém pode ser apanhado.
Um reencontro entre dois homens de tempos distintos e que talvez tenham mais em comum do que aquilo que gostariam de acreditar. Uma memória das mulheres que amaram e talvez não tenham sabido fazê-lo.

Meridiano 28, Joel neto, Ed. Cultura, 2018

Philip Roth 1933-2018


Não estar vivo, basicamente, não sentir a vida, não a cheirar. Mas a diferença entre hoje e o medo que tinha de morrer quando tinha 12 anos é que agora tenho uma espécie de resignação em relação à realidade. Já não me parece uma injustiça tão grande morrer. 

Philip Roth 



sexta-feira, 11 de maio de 2018

Corpo Triplicado de Maria Brandão



Corpo Triplicado é um conjunto de ficções curtas dedicadas a personagens singulares: um vendedor de bíblias, uma ninfomaníaca literata, um mirone de balcão de bar, uma executiva com tensão pré-menstrual, um individualista na andropausa, um sedutor míope, uma freira perdida em Amesterdão. Personagens solitárias, desconcertantes, delirantes, encerradas num mundo descrente na humanidade, que decorre da observação de um episódio, um padrão comportamental, um parágrafo literário, uma música, uma fotografia. Tédio, desamor, solidão, decadência, desejo, sexo, morte são alguns dos ingredientes servidos a seco, sem ingenuidade, numa linguagem dura, mas elegante, com um ritmo rápido e um humor mordaz.

Nas livrarias na última semana de Maio de 2018.

terça-feira, 8 de maio de 2018

A Febre das Alamas Sensíveis



Respiravam todas. Contavam respirar no dia seguinte. Não tinham nenhuma moléstia que as inquietasse. Uma rapariga, esbarrando nele, deixou cair a bolsinha de mão. Ernest apanhou-a num movimento rápido e devolveu-lha; sorriram um para o outro com o mesmo embaraço simpático. Era bonita. ‘Se esta sonhasse que eu sou, ou fui, tísico…’”
Isabel Rio Novo, A Febre das Almas Sensíveis
(...)«A originalidade de A Febre das Almas Sensíveis vem ainda de outras formas narrativas e da própria construção de personagens. A saber, uma jovem investigadora decide passar algum tempo nas ruínas do Caramulo em busca de documentos perdidos, desde cartões postais a cartas pelas quais reconstrói vidas inteiras no contexto do seu tempo e condição social. Por outras palavras, a metáfora aqui nunca deixa de existir, mas refere-se mais à sociedade do que ao doente ou doentes. Os nomes dos personagens são muitos, mas a narradora nunca deixa o leitor pendurado em incertezas ou insinuações. Quase hesito em utilizar esta designação formalista, só que a Febre das Almas Sensíveis se assemelha ao que então se chamava nos Estados Unidos “realismo romântico”, a realidade da esperança e a força de cada um ou uma de vencer perante o pior das situações pessoais ou mesmo familiares. Todos eles vivem, como creio ter escrito Jorge de Sena num poema quando contraiu também uma “doença prolongada”, a morte social antes da previsível morte física. Todos se desviam, todos pretendem certa preocupação ao longe, todos vivem no medo do seu meio ambiente e das notícias que partem de quem está gravemente doente. “Em casa, — escreve a narradora — acautelando o contágio, Natália separava a louça de Armando, destinando-lhe um prato e uma malga para uso próprio, sacudia-lhe as roupas e deixava-as apanhar o ar na varanda durante a noite”. O período mais focado no romance é precisamente a época salazarista.» 
Vamberto Freitas. 
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Um Artista do Mundo Flutuante



1948. O Japão reconstrói as suas cidades após a hecatombe da II Guerra Mundial e procura olhar o futuro com a confiança possível. Retirado, o mestre pintor Masuji Ono passa os dias a cuidar do jardim na companhia das duas filhas adultas e do pequeno neto, e os serões a beber e a conversar com velhos amigos no barzinho sossegado do costume. Porém, o constante assédio do passado e as memórias de uma vida e carreira profundamente marcadas pela ascensão do militarismo japonês conjuram sombras que ameaçam seriamente a tranquilidade da sua reforma.

Uma delicada tragicomédia familiar, que é também um retrato subtil e comovente do Japão do pós-guerra.