sábado, 30 de dezembro de 2017

Os Melhores LeYa 2017



Desejamos a todos um Bom Ano 2018.
Aqui fica alguns dos “melhores do ano”, do grupo LeYa,  em diferentes órgãos de comunicação social nacionais:

O Ministério da Felicidade Suprema, Arundhati Roy (Visão, Público e Observador); Até que as Pedras se Tornem mais Leves que a Água , António Lobo Antunes (Visão, Público); Swing Time, Zadie Smith (Público); Quando Portugal Ardeu, Miguel Carvalho (Observador); Atos Humanos, Han Kang (Observador, Time Out, Expresso), Abril e Outras Transições, José Cutileiro (Observador); A Casa das Tias, Cristina Almeida Serôdio (Jornal “i” e Expresso); Caminhos e Destinos – A Memória dos Outros II, Marcello Duarte Mathias (jornal “i”), O Escritor Fantasma, Philip Roth (Sábado); Dias Úteis, Patrícia Portela (Sábado), Lamento de uma América em Ruínas, J.D. Vance (Sábado); A Tragédia de um Povo, Orlando Figes (Sábado, Expresso); Todos os dias Morrem Deuses, António Tavares (Time Out), História Íntima da Humanidade, Theodore Zeldin (Time Out); 1640, Deana Barroqueiro (Expresso); Os Loucos da Rua Mazur, João Pinto Coelho (Expresso); A Construção do Vazio, Patrícia Reis (Expresso); O Pianista de Hotel, Rodrigo Guedes de Carvalho (Expresso).

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Agenda Terra 2108



 Estamos no centro de Ponta Delgada, numa rua estreita e calma, metade ao sol metade à sombra, onde o tempo passa devagar. Entrei num pequeno espaço comercial, aberto a todos os que por ali passam. Ao fundo do corredor, ladeado de máquinas e mesas da era de Gutenberg, está um homem de estatura média, vestido de azul escuro: é o tipógrafo Dinis Botelho. O cheiro a tinta invade-nos as narinas sem pedir licença -  há folhas de papel por todo o lado, mesas de caracteres móveis, prensas, chapas, tinta preta que tinge o chão com largos borrões. O labor é feito num compasso lento, as máquinas estão em silêncio. As matrizes (letras do alfabeto) estão às avessas e de tantas letras de um mundo ao contrário nascem calendários, cartões, blocos, cadernos com um design arrojado. Estou na Tipografia Micaelense, um autêntico museu vivo, aberta a uma cultura urbana que tem vindo a mostrar-se segura e ambiciosa.
Um grupo de jovens artistas açorianos com formação, gosto e sensibilidade, dão todos os anos àquele espaço outra vitalidade e dinâmica. São cinco, como as Aventuras de Enid Blyton, e a aventura vai fervilhando num encontro feliz entre o antigo e o moderno. Todos com formação em áreas diversas: Júlia Garcia, em desing de comunicação, André Laranjinha, em pintura, Maria Emanuel Albergaria, em antropologia, Diana Diegues, coordenadora gráfica das criações periféricas e Nuno Silva formado em filosofia. A eles se deve a Agenda que irá pautar o passar do tempo na ilha; «Um peixe de terra no meio do mar/ Este meu naco de chão onde vou dando recorte aos passos da minha alma» como diz o poeta Emanuel Jorge Botelho nas suas 30 Crónicas.
Desde 2014 que, na Micaelense, se vê criar esta agenda singular, feita manualmente e impressa de forma artesanal. Os temas foram variando ao longo dos anos: no primeiro, o Tempo, em 2015 Ilhas, 2016 contemplou a Luz, 2017 trouxe-nos o Corpo, e em 2018 chegou a Terra. A ideia foi criar uma agenda diferente de todas as outras, personalizada, artesanal e numerada o que a torna única, sendo uma forma de louvar a arte tipográfica.
A Micaelense é a única tipografia, em Ponta Delgada, sobrevivente à passagem, avassaladora, dos tempos hipermodernos.
Já sabe! Comprar um livro é imprescindível como prenda de Natal, e se comprar a Agenda Terra 2018, à venda nas livrarias da cidade, estará a contribuir para perpetuar a memória e valorizar o nosso património.



Publicado no Açoriano Oriental, 20 Dezembro, 2017.