"Desta vez fui ao lançamento de um livro, o de Mário
Mesquita, “O estranho dever do cepticismo”. Porque sou sua amiga? Não, porque
tenho admiração e respeito pela sua escrita e coerência de vida.
Muitos destes textos, li-os na altura e apercebi-me do
trabalho que lhe davam. Cada linha tinha reflexão, cada assunto, profundidade.
Aprende-se sempre qualquer coisa, sobretudo para alguém como eu, mais virada
para a espuma da conjuntura. Muito do seu estranho dever de cepticismo era,
afinal, como agora se vê, a lucidez de quem se distanciava para melhor
compreender.
Avesso a mediatismos, não ficou pela reflexão, mas teve
acção, como quando foi director do “Diário de Noticias” e, depois, do “Diário
de Lisboa”, ou quando foi um dos fundadores do Partido Socialista, antes do 25
de Abril.
A sua opinião certeira, o seu humor irónico e tolerante têm-
-me sido muito benéficos. Quando ouvia as intervenções sobre o seu livro, e por
causa do “Diário de Lisboa”, lembrei-me de que tive directores como Piteira
Santos ou Cardoso Pires, colegas como Sttau Monteiro ou Assis Pacheco. Ele e estes
puseram-me a fasquia tão alta que, até agora, só tenho tentado criar balanço.
Quem não leu os textos então, aprenderá alguma coisa que não
vem no Google. Numa altura em que somos inundados de “livrinhos” e intelectuais
fast- -food, vamos aguardar mais textos de Mário Mesquita.
Nem ele sonha que estou a escrever sobre o seu livro.
Tentei… porque senti esse estranho dever."
Fernanda Mestrinho, Jornalista/advogada
publicado em 16 Mar 2013 – jornal “I”