sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Socialismo de Antero de Quental

                                                       Fotografia de André Kertész


“Em face das misérias de um século, e das lutas travadas na consciência do homem, o novo ideal artístico, «a sua lei suprema», não podia ser senão «consolar, moralizar, apontar o belo espiritual, a esperança e a crença». A arte e a literatura adquiriam, pois, pela Revolução um fim eminentemente social e civilizador. Não que elas suprimissem «as dores» e as angústias da sociedade. Isso caberia à «ciência e à democracia»; mas «adormentariam o sentimento acerbo das suas inenarráveis misérias».
Deviam tentar-se, porém, a regeneração dos costumes pela arte. A literatura, «porque se dirige ao coração, à inteligência, à imaginação, e até aos sentidos, toma o homem por todos os lados; toca isso em todos os interesses, todas as ideias, todos os sentimentos; influi no indivíduo como na sociedade, na família como na praça pública; dispõe os espíritos; determina certas correntes de opiniões, combate ou abre caminho a certas tendências; e não é muito dizer que é ela quem prepara o berço onde se há-de receber esse misterioso filho do tempo – o futuro».”

Antero de Quental, Prosas.

Sem comentários: