quarta-feira, 5 de junho de 2013

Estranho Dever


"Desta vez fui ao lançamento de um livro, o de Mário Mesquita, “O estranho dever do cepticismo”. Porque sou sua amiga? Não, porque tenho admiração e respeito pela sua escrita e coerência de vida.
Muitos destes textos, li-os na altura e apercebi-me do trabalho que lhe davam. Cada linha tinha reflexão, cada assunto, profundidade. Aprende-se sempre qualquer coisa, sobretudo para alguém como eu, mais virada para a espuma da conjuntura. Muito do seu estranho dever de cepticismo era, afinal, como agora se vê, a lucidez de quem se distanciava para melhor compreender.
Avesso a mediatismos, não ficou pela reflexão, mas teve acção, como quando foi director do “Diário de Noticias” e, depois, do “Diário de Lisboa”, ou quando foi um dos fundadores do Partido Socialista, antes do 25 de Abril.
 A sua opinião certeira, o seu humor irónico e tolerante têm- -me sido muito benéficos. Quando ouvia as intervenções sobre o seu livro, e por causa do “Diário de Lisboa”, lembrei-me de que tive directores como Piteira Santos ou Cardoso Pires, colegas como Sttau Monteiro ou Assis Pacheco. Ele e estes puseram-me a fasquia tão alta que, até agora, só tenho tentado criar balanço.
Quem não leu os textos então, aprenderá alguma coisa que não vem no Google. Numa altura em que somos inundados de “livrinhos” e intelectuais fast- -food, vamos aguardar mais textos de Mário Mesquita.
 Nem ele sonha que estou a escrever sobre o seu livro. Tentei… porque senti esse estranho dever."
Fernanda Mestrinho,  Jornalista/advogada
publicado em 16 Mar 2013 – jornal “I”

Sem comentários: