Verdadeiro thriller político, com a medina de Fez em
pano do fundo e os tempos explosivos do movimento nacionalista marroquino.
Embora todos os romances de Paul Bowles espelhem o encontro e o conflito entre
civilizações, neste, muito menos subjetivo, a aguda clivagem entre a cultura
árabe e a do colonizador francês é profundamente explorada, com grande detalhe
e intensidade. A forte tenção política e social que enquadra a intriga -
protagonizada por um americano comunista, um rapazinho analfabeto e uma
atraente mulher ocidental -, o ambiente de conspiração nacionalista e a
infinidade de matizes, que restituem a milenar cidade de Fez à sua complexidade
e vida, tornam A Casa da Aranha num marco na obra de Paul Bowles.
A Casa da Aranha, Paul Bowles, Quetzal, 2014.«Porquê ir? A resposta é que num quando um homem já lá esteve e sofreu o batismo da solidão não consegue evitá-lo. Caso alguma vez tenha estado sob o feitiço do vasto, luminoso e silencioso território, nenhum outro lugar é suficientemente forte para ele, nenhumas outras cercanias conseguem propiciar a supremamente satisfatória sensação de existir no meio de algo que é absoluto. Ele voltará lá, sejam quais forem os custos em conforto e em dinheiro, porque o absoluto não tem preço.»
Entre a imensa e majestosa solidão do Saara
e a tranquilidade doméstica da sua ilha tropical no Ceilão - propriedade
extravagante e selvagem que manteve durante alguns anos na costa de Weligama -,
Paul Bowles percorreu incessantemente os caminhos do globo terrestre. Uma
curiosidade inesgotável por todas as paisagens humanas e a atração por dois
tipos antitéticos de paisagem geográfica, o deserto e a floresta tropical,
alimentaram um fluxo constante de viagens, em que Bowles alternou a deslocação
com a permanência em todos esses lugares que quis conhecer e onde escolheu
viver por períodos maiores ou menores. Paul Bowles é um dos grandes viajantes
eruditos do século XX e o seu legado - musical e literário - sedimenta, em toda
a sua originalidade, sofisticação e versatilidade, o património cultural
universal.
Viagem, livro inédito e o primeiro de uma série que a Quetzal dedica a Paul Bowles, reúne relatos das suas aventurosas deambulações pela Europa, África, América Central e Ásia.
Viagem, livro inédito e o primeiro de uma série que a Quetzal dedica a Paul Bowles, reúne relatos das suas aventurosas deambulações pela Europa, África, América Central e Ásia.
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