«O
Tempo Morto é um Bom Lugar – título paradoxal – , último romance de
Manuel Jorge Marmelo, escritor distinguido com o Prémio Literário Correntes
d’Escritas 2013, que, de certo modo, consagrou a sua obra como uma das mais
importantes do universo romanesco português dos últimos vinte anos. […]
À componente realista, os últimos
romances de Manuel Jorge Marmelo acrescentam a vertente de crítica e denúncia
sociais, um pouco ao modo de Rui Zink. Neste sentido, atacando os atuais
padrões culturais e políticos da sociedade portuguesa, os seus romances não são
eticamente neutros nem culturalmente asséticos. Pelo contrário, não se tornando
uma arma política, intentam, por via da sátira, da ironia, despertar a
consciência crítica do leitor face à existência de uma sociedade profundamente
desigual e injusta. Destinam-se, portanto, a contaminar a consciência do leitor
do sentimento de revolta e, se possível, de sedição.»
Miguel Real, Jornal de Letras
Galardoado recentemente com o Prémio Correntes d’
Escritas/Casino da Póvoa 2014, pelo romance Uma Mentira Mil Vezes Repetida,
M.J. Marmelo lança um extraordinário romance em que temas fundamentais do nosso
tempo são tratados com a mais apurada mestria literária.
Depois de acordar ao lado do cadáver de Soraya - a mestiça belíssima, estrela televisiva, com quem mantinha uma relação íntima a pretexto de lhe escrever a autobiografia -, o jornalista desempregado Herculano Vermelho entrega-se à polícia e é preso. Não tem memória de nada, nem de que possa ter sido ele a matar a jovem mulher, mas a prisão parece-lhe ser o lugar ideal, o espaço de sossego e de liberdade (sem contas para pagar, sem apresentações regulares no centro de emprego, sem pressões de qualquer espécie), para passar a sua vida em revista, a relação com as mulheres, e escrever a autobiografia da rapariga morta.
Depois de acordar ao lado do cadáver de Soraya - a mestiça belíssima, estrela televisiva, com quem mantinha uma relação íntima a pretexto de lhe escrever a autobiografia -, o jornalista desempregado Herculano Vermelho entrega-se à polícia e é preso. Não tem memória de nada, nem de que possa ter sido ele a matar a jovem mulher, mas a prisão parece-lhe ser o lugar ideal, o espaço de sossego e de liberdade (sem contas para pagar, sem apresentações regulares no centro de emprego, sem pressões de qualquer espécie), para passar a sua vida em revista, a relação com as mulheres, e escrever a autobiografia da rapariga morta.
O Tempo Morto É Um Bom Lugar, Manuel Jorge Marmelo, Quetzal, 2014.
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