domingo, 7 de outubro de 2012

As Minhas Lembranças Observam-me


Tomas Tranströmer



«A minha vida.» Quando penso estas palavras, vejo diante de mim um rasto de luz. Observando melhor, a luz tem a forma de um cometa, com a cabeça e uma cauda.
A extremidade mais luminosa, a cabeça, é a infância e a idade de crescimento. O núcleo,  a parte mais densa, é a primeira infância, quando são determinados os traços principais da nossa vida. Tento recordar-me, então chegar lá.
 
 
PRÉMIO NOBEL DE LITERATURA 2011

As Minhas Lembranças Observam-me, Tomas Tranströmer
Posfácio de Pedro Mexia
Sextante Editora, 2012.




este agora
eleva-se como fumo quente em ar frio
este sereno agora

 

o cão abandonou o seu latido
a lebre abandonou a boca humana
e toca sozinha

 

neste pobre e belo agora luta
                  contra a armada dos segundos
e  se afoga num redemoinho
embora me vá sobreviver

 

 

Poema publicado na primavera de 1948, no jornal dos estudantes do Liceu Sodra Latin, de Estocolmo, onde T.T. estudou. Não há nem título nem qualquer pontuação neste poema.

 



 


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