domingo, 8 de novembro de 2009

SOS Cinema


Um cinema que divulgue obras contemporâneas e de autor, com uma programação assente na qualidade, diversidade, não sujeita aos critérios exclusivos do mercado.
A exibição dominada pelas salas da Castelo Lopes e com a facilidade que existe no cinema doméstico, cabe a essa sala alternativa criar e alimentar um público cinéfilo mais exigente e com sentido crítico, proporcionando ao espectador serviços associados, atendimento personalizado, serviço educativo, informação através de publicação e website sobre os filmes, sessões programadas e dirigidas, em vários formatos e géneros, da curta-metragem ao documentário, encontros com realizadores e críticos. Uma alternativa onde se possa conjugar outras artes e vários públicos não esquecendo o infantil e os idosos, um espaço não-elitista com o grande objectivo da defesa do cinema como uma expressão artística singular.
Em Ponta Delgada, isto só será possível com a sensibilização e conjugação dos poderes públicos (Autarquia, Governo regional, ICA – Instituto de Cinema e Audiovisual ), apoiar uma exploração consciente e sensata, para que seja possível ver outro cinema.

“ As únicas salas de cinema que cumpriram uma função, disse Charly Cruz, eram as velhas, lembras-te? Aqueles cinemas enormes que quando se apagavam as luzes o nosso coração se encolhia.
Aquelas salas, sim, eram verdadeiros cinemas, o mais parecido com uma igreja, tectos altíssimos, grandes cortinas vermelho grená, colunas, corredores com velhas alcatifas gastas, palcos, lugares de plateia, balcão ou galinheiro, edifícios construídos nos anos em que o cinema ainda era uma experiência religiosa, quotidiana, porém, religiosa, e que pouca a pouco foram demolidas para edificar bancos ou supermercados ou multicinemas.”

2666, Roberto Bolano

6 comentários:

Sam disse...

Caro José Carlos,

é uma necessidade premente criar um espaço da natureza que muito bem descreves.

Apoio, inteiramente, as tuas palavras e sugestões — e a citação de Bolaño não poderia ser mais acertada.

Abraço.

José Carlos disse...

Sam, tu já tens um lugar cativo nesta sala de cinema, pois muito e bem tens contribuido para a divulgação da 7ª Arte.

Obrigado

Maria Brandão disse...

foi pena as salas do solmar terem encerrado. mts bons filmes vi eu às 5 da tarde, na sala 2...absolutamente sozinha ;)

António José disse...

Bolaño o homem que todos andam a ler fala com amor dos tempos idos do cinema. Tempos que nunca mais voltam porque as pessoas estão mais estúpidas e comodistas. Querem é ver filmes comerciais de preferência sem sair de casa. Assim não há cinema alternativo que resista.

Anónimo disse...

Entendo que a rentabilização de uma sala com esse género de filme deve ser complicada. Tal como a Maninha escreveu, existiam imensas sessões de sala praticamente vazia. Ainda assim, muitos de nós sentimos falta da oferta cinematográfica que o Cinema no Solmar proporcionava. Esperemos que seja encontrado um meio termo que possa satisfazer ambas as partes. Que faz falta, faz!!

Maria Brandão disse...

por mim, quanto menos gente no cinema, melhor. o silêncio e a concentração são maiores; mas compreendo que isso não seja nada "interessante" para quem pretende rendibilizar a sala