Na sua obra Como um Romance, Daniel Pennac criou, com uma boa dose de ironia, os 10 direitos inalienáveis do leitor. Ao lê-los, eu, um leitor pouco ortodoxo nas escolhas (os 5 até coexistiram pacificamente com o Saramago), fiquei intrigado com direitos como o de “saltar páginas” ou o de “não falar do que se leu”. Mais ainda com o 1º, o de “não ler”.
Então, pensei: se já há os direitos, por que não os mandamentos?
Deixo aqui um modesto contributo.
1º Não invocar o que se leu em vão (a presunção é feia e tem a perna curta como a mentira); 2º Guardar um dia por semana para a leitura (não seja fundamentalista, escolha o dia que mais lhe convier). 3º Não matar os livros (pecado que, em Portugal, editoras e Estado têm praticado mas pelo qual não são condenados. Conselho: dêem os livros que não vendem); 4º Guardar castidade nas palavras e nas obras, desde que sejam de qualidade (e entenda-se por castidade a pureza da língua escrita); 5º Não roubar livros (creia que a vergonha e a multa não valem o preço do livro); 6º Não inventar falsas leituras (não diga que lê o Saramago se a sua leitura é a revista Maria ou o jornal a Bola); 7º e último, não cobiçar o livro alheio. Compre-o. Agradecem-lhe o dono do alheio e o livreiro.
Dirá o leitor: só 7? Não é tradição que os mandamentos se vendam em pacotes de 10? Pois é, mas o número 7 não é só o dos pecados mortais, é também o da perfeição (e a tradição já não é o que era).
Marco Macedo Machado
23/04/2010
Então, pensei: se já há os direitos, por que não os mandamentos?
Deixo aqui um modesto contributo.
1º Não invocar o que se leu em vão (a presunção é feia e tem a perna curta como a mentira); 2º Guardar um dia por semana para a leitura (não seja fundamentalista, escolha o dia que mais lhe convier). 3º Não matar os livros (pecado que, em Portugal, editoras e Estado têm praticado mas pelo qual não são condenados. Conselho: dêem os livros que não vendem); 4º Guardar castidade nas palavras e nas obras, desde que sejam de qualidade (e entenda-se por castidade a pureza da língua escrita); 5º Não roubar livros (creia que a vergonha e a multa não valem o preço do livro); 6º Não inventar falsas leituras (não diga que lê o Saramago se a sua leitura é a revista Maria ou o jornal a Bola); 7º e último, não cobiçar o livro alheio. Compre-o. Agradecem-lhe o dono do alheio e o livreiro.
Dirá o leitor: só 7? Não é tradição que os mandamentos se vendam em pacotes de 10? Pois é, mas o número 7 não é só o dos pecados mortais, é também o da perfeição (e a tradição já não é o que era).
Marco Macedo Machado
23/04/2010
1 comentário:
Mesmo assim, deviam ser 10, porque isso dava-nos a possibilidade de pecarmos desportivamente em relação a três deles (a ideia é um roubo descarado a Augusto Monterroso).
Urbanobett.
Enviar um comentário