«O mar é
interessante porque é essencialmente duas coisas. Há o mar
como grande prova, o mar de Conrad, de Stevenson, o mar da tempestade, o dos grandes
capitães de Conrad como símbolos da luta e da lealdade. Como grande amante da
literatura de aventuras isso significa muito. Mas para mim o mar é outra coisa.
É o mar da posição horizontal, não da luta para dominá-lo, mas ao contrário,
para se abandonar. É o mar da felicidade. É por isso que o mar está
indissoluvelmente ligado ao amor, a Eros. Para mim, era inconcebível o amor sem
o mar. O mar está também na história da minha vida das paisagens do amor, isto
é, desse grande abandono nos braços da vida. Sem luta. Nado muito mas isso não
tem nada a ver com o desporto, não, é realmente abandonar-se em grandes braços
amorosos.»
Claudio Magris, entrevista de Ana Sousa Dias, Revista LER, dezembro 2013, a
propósito da edição portuguesa do seu
livro “Alfabetos”, lançado pela Quetzal.
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