quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Alfabetos

                                                                     Claudio Magris

 
«O mar é interessante porque é essencialmente duas coisas. Há o mar como grande prova, o mar de Conrad, de Stevenson, o mar da tempestade, o dos grandes capitães de Conrad como símbolos da luta e da lealdade. Como grande amante da literatura de aventuras isso significa muito. Mas para mim o mar é outra coisa. É o mar da posição horizontal, não da luta para dominá-lo, mas ao contrário, para se abandonar. É o mar da felicidade. É por isso que o mar está indissoluvelmente ligado ao amor, a Eros. Para mim, era inconcebível o amor sem o mar. O mar está também na história da minha vida das paisagens do amor, isto é, desse grande abandono nos braços da vida. Sem luta. Nado muito mas isso não tem nada a ver com o desporto, não, é realmente abandonar-se em grandes braços amorosos.»

Claudio Magris, entrevista de  Ana Sousa Dias, Revista LER, dezembro 2013, a propósito da edição  portuguesa do seu livro  “Alfabetos”, lançado pela Quetzal.


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