Fotografia de André Kertész
“Em face das
misérias de um século, e das lutas travadas na consciência do homem, o novo
ideal artístico, «a sua lei suprema», não podia ser senão «consolar, moralizar,
apontar o belo espiritual, a esperança e a crença». A arte e a literatura adquiriam,
pois, pela Revolução um fim eminentemente social e civilizador. Não que elas
suprimissem «as dores» e as angústias da sociedade. Isso caberia à «ciência e à
democracia»; mas «adormentariam o sentimento acerbo das suas inenarráveis
misérias».
Deviam
tentar-se, porém, a regeneração dos costumes pela arte. A literatura, «porque
se dirige ao coração, à inteligência, à imaginação, e até aos sentidos, toma o
homem por todos os lados; toca isso em todos os interesses, todas as ideias,
todos os sentimentos; influi no indivíduo como na sociedade, na família como na
praça pública; dispõe os espíritos; determina certas correntes de opiniões,
combate ou abre caminho a certas tendências; e não é muito dizer que é ela quem
prepara o berço onde se há-de receber esse misterioso filho do tempo – o futuro».”
Antero de Quental, Prosas.
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