segunda-feira, 17 de maio de 2010

Contos Tradicionais Açorianos de Teófilo Braga

Teófilo Braga, Columbano Bordalo Pinheiro
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Os Peixes do Guardião

De uma vez estavam os frades comendo no refeitório e coube a um deles um peixe muito pequenino. Este então reparou e viu que no prato do guardião estava um muito grande e que o comia à boca cheia. O frade era ladino e para se vingar do jejum a que o obrigavam abaixou a cabeça sobre o seu peixinho que tinha no prato e começou a momear, como quem estava a conversar em segredo. O guardião reparou nisto e pergunta de lá da cabeceira da mesa:
- Ó irmão, Frei Fulano, então o que é isto que está fazendo?
- Reverendo padre mestre, estava perguntando a este peixinho se alguma vez teria encontrando meu pai que morreu afogado no mar. Mas este respondeu-me que como é muito pequenino não soube disso e quem o poderá saber é o peixe que está no prato de vossa reverência que é muito grande e pode bem dar fé de tudo.
(Ilha de S. Miguel)
Teófilo Braga



“No ano em que se comemora o primeiro centenário da Implantação da República é de toda a justiça revisitar a obra de Teófilo Braga. E porque Teófilo era açoriano, micaelense, urge sobretudo dar a conhecer a obra em que reuniu o património cultural do arquipélago que o viu nascer. Essa obra é hoje mal conhecida, pois os Cantos Populares do Povo Açoriano (1869), reeditados pela Universidade dos Açores em 1982, há muito que se encontram esgotados. Em relação aos contos tradicionais açorianos, estes nunca foram publicados como obra autónoma. Assim, dá-se ora a conhecer esses contos que, até agora, circulavam como parte integrante dos Contos Tradicionais do Povo Português, embora aí figurem ordenados segundo um critério classsificativo temático (que respeitaremos) e não geográfico. Esta edição inclui um estudo introdutório sobre a vida e obra deste estudioso micaelense, a sua importância a nível nacional e internacional, a origem e explicação desses contos, as variantes de alguns deles e sobre a literatura tradicional, em geral. Pretende-se que a obra seja acessível a toda a população, bem como a todos os interessados pela literatura tradicional. Tendo em conta o tipo de divulgação que se pretende, optamos por dar à estampa uma edição que, embora pretendamos correcta do ponto de vista científico, não desejamos que inclua pretenciosismos académicos nem informações supérfluas.”
Contos Tradicionais Açorianos de Teófilo Braga, Anabela Mimoso, Ed. Calendàrio de Letras

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