No início da I Guerra Mundial, por volta de 1915, o
cinema norte-americano predominava mundialmente, uma vez que a produção
europeia foi praticamente parada pela Guerra. As produções aglomeravam-se em
Los Angeles, na Califórnia, onde o clima e as luzes eram melhores e as leis de
impostos menos restritivas. Assim, Hollywood torna-se sinónimo de filmes e nascem
vários estúdios independentes, tais como os Warner Brothers, a MGM e a Fox.
Consequentemente, aparece o fenómeno do estrelato e culto das estrelas de cinema.
Charlie Chaplin é considerado a primeira verdadeira estrela da indústria
cinematográfica, tendo conquistado o público com a sua personagem de “Tramp” ou “Charlot”, que encarnou pela primeira vez em Kid Auto Races at Venice (1914), e cujo sucesso fez com que o ator
em poucos meses já realizasse os seus próprios filmes, como The Tramp (1915). Nesta altura, a
duração dos filmes aumenta e, para financiá-los, são criadas “máquinas de
publicidade”, como a Star System para
criar estrelas de cinema perfeitas, e substitui-se os “nickelodeons” por grandes casas de espetáculo, os “Picture Palaces”, cada vez mais frequentadas
pelas classes médias. Em 1918, em Portugal, é criada a Invicta-Film, no Porto,
que foi a primeira tentativa de estabelecer em Portugal uma empresa produtora
de filmes, mas foi abafada pelas produções americanas e terminou a 1925. Os
anos 20 foram um período muito fértil para o cinema, principalmente em
Hollywood, com a expansão dos grandes estúdios, como a Paramount e a Universal.
Na Europa, foi na Alemanha que a cinematografia teve o seu renascimento no
pós-guerra, destacando-se o expressionismo alemão, do qual é exemplo Der Lezte Mann (1924) e Nosferatu (1921). Na Rússia, Lenine deu
apoios aos cineastas, mas os filmes russos vão ser censurados e a sua
divulgação restringida pela ocidentalidade, devido ao seu conteúdo ideológico
comunista, como Potemkine (1925). O
ano de 1924 foi, particularmente, importante para França, pois surgiram os
primeiros trabalhos de René Clair e Jean Renoir, dois célebres produtores
franceses. Esta década, que marcou a História como “The Roaring Twenties”, ficou para o cinema como “The Laughing Twenties”, isto porque o
género mais popular era a comédia, com Charlie Chaplin, Buster Keaton e Harold
Lloyd. A transição para os “talkies”,
ou seja, filmes com diálogo, aconteceu em meados de 1926/1927, com os Warner
Brothers e a Fox na vanguarda.
O aparecimento dos filmes falados foi visto como
um desenvolvimento desnecessário e efémero. Foi Jazz Singer (1927), dos Warner Brothers, que mudou as opiniões em
relação aos sonoros, quando o público ouviu Al Jolson cantar, cuja personagem
imortalizou a frase “You ain’t heard
nothing yet”. Com isto, os estúdios norte-americanos começaram-se a
atualizar com equipamentos de som, fazendo com que, em meados de 1929, quase
todo Hollywood estivesse convertido aos “talkies”, dando início à chamada Era de
Ouro de Hollywood. Apesar desta transição ter sido rápida, foi também difícil. Os primeiros sonoros eram muito estáticos e restringidos pelos novos
instrumentos de som, tendo as câmaras de estar dentro de uma cabina à prova de
som, impossibilitando a sua mobilidade, os atores eram obrigados a falar
diretamente para microfones que estavam estrategicamente escondidos no cenário
e o realizador já não podia dar instruções aos atores durante uma cena. Isto
fez com que os filmes fossem versões estáticas de peças teatrais com diálogos
longos, levando a que os críticos reclamassem o retorno do filme mudo. No
entanto, essas dificuldades foram rapidamente ultrapassadas, utilizando a
técnica de gravação das falas a priori
e, depois, sincronizá-las com os movimentos labiais dos atores, e solucionou-se
a imobilidade das câmaras, montando-se rodas na cabine de insonorização. É
assim que aparece que aparece o género do musical, com The Broadway Melody (1929) nos EUA, e Sous les toits de Paris (1930) em França. A introdução do som
provocou, simultaneamente, o nascimento e a morte de estrelas de cinema, que
viram as suas carreiras arruinadas, muitas vezes pelo simples facto das suas
vozes não corresponderem à imagem que o público já tinha delas. Os mais
afetados foram os comediantes dos mudos, com a exceção de Chaplin que, apesar
de ter recusado fazer filmes falados, continuou a ter sucesso. Em 1928, Walt
Disney apresentou o primeiro “talkie”
de animação, Steamboat Willie, e
contribuiu para a acreditação do som com as suas Silly Simphonies. Os anos 20 viram, ainda, ser criada, por Louis B.
Mayer da MGM, a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, que ficou
célebre pela cerimónia anual dos Prémios da Academia, ou seja, os Oscars. O drama Wings (1927), alusivo à I Guerra, foi o primeiro a ganhar o Oscar de melhor filme, em 1929. Em
Inglaterra, o primeiro filme com diálogo foi Blackmail (1928) de Hitchcock, que teve de ser lançado também na
versão muda, porque os cinemas europeus ainda não tinham investido em equipamentos
de som. O decénio de 30 foi uma década de tumultos, com a Grande Depressão e o
surgimento de ideologias fascistas por toda a Europa. Isto levou à popularidade
de filmes de fantasia escapista, aventuras e terror, que faziam esquecer a
crise. A Universal criou, com sucesso, o género de “Universal Horror”, filmes de monstros, tais como Dracula (1931), com Bela Lugosi, e Frankenstein (1931), com Boris Karloff,
cujos sucessos levaram a sequelas ainda nesta década. Houve, também, uma grande
aposta em filmes com valores familiares e que exaltavam as virtudes
capitalistas, ao mesmo tempo que combatiam o comunismo. Ganham fama os filmes
sobre “gangsters”, como Little Caesar (1931), mas duram pouco
tempo devido a protestos públicos contra a violência, e os filmes de género “western”, dos quais se destaca Stagecoach (1935), que tornou John Wayne
no símbolo máximo do “Far West”. Mae
West tornou-se no sex symbol de Hollywood, aparecendo em filmes com diálogo
picante e explícito, levando à criação do “Hay’s
Code”, que foi uma tentativa de censura aos filmes de Hollywood, para
evitar escândalos.


Trabalho realizado por Daniela Medeiros,
no âmbito da cadeira de História dos Media do curso CSC da Universidade dos Açores
Sem comentários:
Enviar um comentário