sábado, 19 de maio de 2012

Ar de Dylan



"Vílnius evocou a recordação dum graffiti que parecia acabado de escrever por Guy Debord com a própria mão: Ne travaillez jamais (não trabalhem nunca). E Débora disse que, numa época de crise como aquela em que viviam, talvez o mais alto a que eles pudessem aspirar fosse encarnar o espírito da crise. Agiriam sempre de tal forma que, sempre que tivessem uma ideia, resistiriam a levá-la à prática. Não haveria ninguém no mundo tão consciente da desilusão que se segue a toda a obra humana, e isso faria que evitassem qualquer acção evitando assim o fracaso. Posto que havia crise, ser a própria crise podia salvá-los dela. Depois me dirás, disse Vílnius, como é que se faz para nos convertermos na crise".

Enrique Vilas - Matas, Ar de Dylan, Ed. Teodolito, 2012.

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