quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Policiais Vintage


Os grandes mestres da literatura policial da mítica colecção Vampiro da editora Livros do Brasil, estão agora disponíveis na nossa livraria a verdadeiro preço crime de 2.50€. Centenas de crimes de bolso com fabulosas capas com esta do pintor Lima de Freitas.


«... a Vampiro tornou-se um inegável caso à parte, alcançando uma popularidade de que nenhuma das suas antecessoras e sucessoras se pode gabar. Dos múltiplos motivos que podem ter concorrido para esse sucesso, talvez se possam destacar quatro ou cinco factores principais. Desde logo, a introdução do policial de bolso, um conceito provavelmente importado do mundo editorial anglo-saxónico, já que a principal referência francesa, a colecção Le Masque, criada em 1927, tinha um formato ligeiramente superior. Decerto não menos relevante foi a sua aposta em autores de língua inglesa, num Portugal ainda largamente dominado pela cultura francesa. O terceiro trunfo foram as suas notáveis capas, boa parte delas desenhadas, no início da colecção, por Cândido Costa Pinto (1911-1976). Companheiro de Mário Cesariny no Grupo Surrealista de Lisboa, as capas que produziu para a Vampiro foram uma verdadeira pedrada no charco das artes gráficas nacionais. Hoje olhamos para elas distraidamente nos escaparates dos alfarrabistas, mas, no cinzento Portugal dos anos 40 e 50, seguramente deslumbraram muitos leitores. Até mudar de grafismo, optando por capas pretas ilustradas com fotografias pouco apelativas, a colecção contou sempre com a colaboração de grandes artistas, entre os quais se destaca, além de Costa Pinto, o pintor Lima de Freitas.

É ainda plausível que o modo como a Vampiro rapidamente fidelizou leitores possa ter ficado a dever-se ao facto de ter começado por se concentrar num número reduzido de escritores, todos eles da tradição do policial dedutivo, e todos eles criadores de séries, isto é, de um conjunto de livros com o mesmo detective, o que foi uma opção inteligente, já que boa parte dos leitores de policiais se viciam mais facilmente nas criações do que nos criadores. A Vampiro apostou, sobretudo, em Agatha Christie, com o seu Poirot, em Ellery Queen, com o seu detective amador homónimo, em Erle Stanley Gardner, criador do advogado Perry Mason, e, para referir apenas os autores mais recorrentes no início da colecção, em S. S. Van Dine, cujos livros são protagonizados pelo sofisticado investigador diletante Philo Vance.»

(In)Público por Luís Miguel Queirós.

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