quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O mapa e o terriório


Se a história deste romance nos fosse contada por Jed Martin, talvez ele começasse por falar da avaria da caldeira do seu apartamento, num dia 15 de Dezembro. Ou solitários Natais passados com o pai, um arquitecto famoso que sonha construir cidades fantásticas mas ganha a vida a projectar resorts de férias.
Talvez não falasse do suicídio da mãe quando tinha apenas sete anos, porque são muito ténues as recordações que dela guarda. Mas mencionaria certamente Olga, uma lindíssima russa, que conheceu por ocasião da primeira exposição do seu trabalho fotográfico baseado nos mapas de estradas Michelin.
Apesar de indiferente à fama e à fortuna, Jed poderia mencionar o êxito estrondoso que alcançou com uma série de quadros de célebres personalidades de todos os meios, retratadas no exercício da sua profissão. Um dos retratados é Michel Houellebecq (sim, o autor), num trabalho conjunto que mudará a vida de ambos: fonte de vida para um e razão de morte para outro.

Em O mapa e o território (Prémio Goncourt 2010), Houellebeq explora os temas que lhe são mais caros; a solidão, os limites das relações amorosas, o absurdo mundo em que vivemos, fazendo um retrato mordaz mas contido da sociedade contemporânea.

O mapa e o território de Michel Houellebeq, tradução de Pedro Tamen, editado pela Alfaguara , 2011.

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