«Qualquer estátua – é sabido – contém um princípio vital que uns dizem derivar do artista que a moldou, outros, da entidade que representa, outros ainda do próprio vigor da pedra, que apesar de cortada e extraída continua a nascer e a crescer nas pedreiras. Talvez seja ilusória aquela aparente rigidez das formas. Provavelmente, a estátua observa o que se passa em volta. Tudo vê, ouve e guarda. Mas apenas actua nos momentos propícios, raros e ponderosos. E sendo assim, deve haver um segredo para penetrar na alma das estátuas. Um gesto, um vocábulo, um pensamento piedoso emergindo no tempo e na conjugação astral adequados. Ou talvez apenas uma pessoa bem determinada, escolhida pelo favor dos deuses, seja apta a chegar à alma que se disfarça na pedra.»
Mário de Carvalho, Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde, Ed. Caminho.
Mário de Carvalho, Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde, Ed. Caminho.
1 comentário:
Mas que blogue tão simpático. Vou voltar muitas vezes para ver as novidades. Onde fica esta livraria?
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