" Queria umas férias emocionais. Talvez esteja a colocar, logo de início, uma condição difícil de executar, mas asseguro-vos que até os palhaços têm os seus momentos racionais e eu precisava de alguns."
Depois de sete intensos anos de trabalho em Hollywood, Charlie Chaplin encontrava-se física e emocionalmente esgotado e tinha apenas um desejo: escapar-se. Aproveitando a estreia em Londres do seu filme O Garoto de Charlot inicia uma viagem à Europa que o levará à sua terra natal, mas também a Paris e à Alemanha. Em A minha viagem pela Europa conhecemos o outro lado do mais famoso actor e realizador do cinema mudo. Ficamos a par das suas fraquezas, dos seus desejos, da sua vontade de ser amado e querido, mas também conhecemos, através do seu relato, uma Europa que acordava da guerra em todo o seu esplendor e força. Em Londres, sente-se extasiado com a recepção calorosa que recebe e revê com saudade e emoção alguns dos locais e personagens da sua infância e juventude. Conhece também personalidades interessantes como H.G. Wells, que o fascinam pela sua genial simplicidade. Em Paris, mais um banho de multidão e um mergulho no espírito de frivolidade com que a França procura esquecer a devastação da guerra. Finalmente em Berlim, Chaplin redescobre o prazer do anonimato, antes de regressar à América com uma nova visão do mundo e com a alegria de ter reencontrado a candura de espírito e a curiosidade quase infantil que sempre o caracterizaram.
Charlie Chaplin, A Minha Viagem Pela Europa, Ed. Matéria-Prima,2011.
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