Pode uma criança de nove anos amadurecer num curto espaço de tempo? A resposta é sim, se essa criança for confrontada com o sofrimento causado pela constatação de uma realidade cruel e adversa, causada pela conflito com a arbitrária e tirânica justiça do seu país – a Líbia -, comandada pelo despótico Coronel Kadhafi e seus verdugos. “A dor gosta do abismo e só quer ouvir ecos de si própria. Tem cuidado.”, estas são as palavras de Najua (a mãe) para afastar Suleiman (o filho, e narrador) do convívio com uma família acusada de traição. Acusação à qual eles, também, não ficarão imunes. Escrito numa linguagem simples, este facto não é suficiente para ocultar o horror que o regime ditatorial de Muammar Kadhafi imprime a todos os personagens. É, sim, o veículo que Hisham Matar utiliza para melhor retratar o momento triste e amargo em que uma criança perde a sua inocência e toma consciência da sua falibilidade perante circunstâncias que não controla. Uma criança que só desejava atenção: ” Uma atenção calorosa e constante e imutável. Em tempos de sangue e de lágrimas, numa Líbia cheia de homens com marcas de tortura e manchas de urina, que exigiam coisas desnecessárias e ansiavam pela libertação (...)”. Não foi Booker Prize 2006, mas não é, de todo, um perdedor! À venda na Livraria Solmar – Artes e Letras, em Ponta Delgada.
(retirado de www.alegreoutriste.blogspot.com)
1 comentário:
Parabéns pelo blogue. Depois da livtraria, o blogue já está inscrito no roteiro das visitas obrigatórias. "La Solmar me mata"
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