O texto Veneza foi
publicado em 1881 n' A
Europa Pittoresca, volume editado em Paris por Salomão Sáragga, amigo de
Antero de Quental desde o tempo das Conferências Democráticas. Ao contrário do
que afirmam alguns dos primeiros comentadores, não se trata de um texto
redigido integralmente por Antero. Na verdade é uma tradução de Venice,
de Thomas George Bonney, e de Voyage en Italie de
Hippolyte Taine, e simultaneamente uma recriação, pois Antero insere na sua
versão inúmeros trechos de sua versão inúmeros trechos de sua própria autoria.
O texto de Bonney, retirado do
primeiro de Picturesque
Europe -
recolha de crónicas de viagens publicada em Londres - pode considerar-se a base
e o ponto de partida da edição portuguesa trabalhada pelo poeta açoriano, que
apenas traduz algumas partes da versão inglesa. De maneira geral, Antero traduz
Bonney (ou John Ruski, por ele citado) no que diz respeito às descrições de
algumas obras de arte, itinerários, paisagens - como a dos canais, dos barcos e
das gôndolas, ou de determinados aspectos peculiares da cidade, como os pombos
- juntando amplas traduções de Taine e parágrafos de sua própria mão, quando
tenciona sublinhar a relação entre arte, ser humano, paisagem e história, ou
quando pretende enriquecer e enaltecer o estilo. Os excertos do livro do pensador
francês, pelo contrário, são fielmente traduzidos, imprimindo uma marca
poética, que antes não tinha: o resultado final é portanto um novo texto, um
híbrido, entre tradução e « transplantação»
Juntam-se na presente edição,
além da versão portuguesa realizada por Antero de Quental, também as
ilustrações originais, e o texto inglês original de thomas George Bonney.
Veneza versão de Antero de
Quental, Editora Pianola, 2015.
Sem comentários:
Enviar um comentário