domingo, 24 de janeiro de 2016

Veneza versão de Antero de Quental


O texto Veneza foi publicado em 1881 n' A Europa Pittoresca, volume editado em Paris por Salomão Sáragga, amigo de Antero de Quental desde o tempo das Conferências Democráticas. Ao contrário do que afirmam alguns dos primeiros comentadores, não se trata de um texto redigido integralmente por Antero. Na verdade é uma tradução de Venice, de Thomas George Bonney, e de Voyage en Italie de Hippolyte Taine, e simultaneamente uma recriação, pois Antero insere na sua versão inúmeros trechos de sua versão inúmeros trechos de sua própria autoria.

O texto de Bonney, retirado do primeiro de Picturesque Europe - recolha de crónicas de viagens publicada em Londres - pode considerar-se a base e o ponto de partida da edição portuguesa trabalhada pelo poeta açoriano, que apenas traduz algumas partes da versão inglesa. De maneira geral, Antero traduz Bonney (ou John Ruski, por ele citado) no que diz respeito às descrições de algumas obras de arte, itinerários, paisagens - como a dos canais, dos barcos e das gôndolas, ou de determinados aspectos peculiares da cidade, como os pombos - juntando amplas traduções de Taine e parágrafos de sua própria mão, quando tenciona sublinhar a relação entre arte, ser humano, paisagem e história, ou quando pretende enriquecer e enaltecer o estilo. Os excertos do livro do pensador francês, pelo contrário, são fielmente traduzidos, imprimindo uma marca poética, que antes não tinha: o resultado final é portanto um novo texto, um híbrido, entre tradução e « transplantação»

Juntam-se na presente edição, além da versão portuguesa realizada por Antero de Quental, também as ilustrações originais, e o texto inglês original de thomas George Bonney.


Veneza versão de Antero de Quental, Editora Pianola, 2015.

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