terça-feira, 14 de abril de 2009

A Ira da Arte

Anthony Suau - 2008
Dorothea Lange- 1936

A piedade pelo sofrimento alheio, o protesto, a revolta perante as injustiças do mundo em crise, inspira os artistas.
A 14 de Abril de 1939, em plena grande depressão, John Steinbeck publica As Vinhas da Ira. O romance concentra-se numa família pobre de agricultores, os Joads, que foram obrigados a partir por causa da crise económica, da seca e das mudanças na indústria agrícola. O livro, que um ano depois inspirou um filme homónimo, de John Ford, valeu a Steinbeck, o prémio Pulitzer em 1940 e o Nobel da literatura em 1962.
Dorothea Lange fotografou A Mãe Imigrante, o lado humano da grande depressão dos anos 30. Na lista de imagens que tirou para a FSA ( Farm Security Adimnstration), está uma fotografia de Florence Owens, com dois dos sete filhos, captada em 1936 na Califórnia. A fotógrafa viu esta mulher de 32 anos, parada junto ao carro, na auto-estrada 101 e pediu para a fotografar. Nunca perguntou qual o seu nome, e este só viria a ser conhecido algum tempo mais tarde.
Em 2008 em plena crise financeira, Anthony Suau , leu numa revista francesa, sobre as acções de despejos em Cleveland e decidiu ir ao terreno registar em fotografia a situação explosiva. Na cidade de Ohio, a policia já fazia, em média, 20 despejos por dia. A imagem valeu-lhe o prémio principal da World Press Photo 2008. Apesar de ser um fotógrafo premiado, está ele próprio a ser vítima da crise, há dois meses que não tem emprego.
O cinema já faz de forma violenta, a crítica aos bancos, colocando-os debaixo de fogo, como aconteceu no ultimo Festival de Berlim, com a exibição de Doutrina de Choque, de Michael Winterbottom, ou o Internacional, de Naomi Klein, com Clive Owen, sobre o tema da corrupção nas instituições financeiras.
Americatown, assim se chama a nova série da HBO, sobre um drama futurístico, dentro de 25 anos, os norte-americanos vão começar a emigrar para outros países, devido ao impacto da grande crise.
Com grande expectativa, o mercado editorial, a passar por tempos muito difíceis, aguarda que escritores, dêem á estampa novos romances inspirados nesta nova grande depressão.
A crise e o pão que os artistas amassaram.


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