A Biblioteca Joanina, que maravilha qualquer turista que por lá passe, surpreende por ser ainda “uma biblioteca viva”, querendo isto dizer que as obras que embelezam as vastas estantes não são apenas ornamentos, mas podem ainda ser requisitadas, ou seja, longe de ser um museu, a Biblioteca Joanina é um espaço vivo.
Para que isto seja possível, a Biblioteca Joanina tem como principal preocupação o bom estado dos livros, desenvolvendo continuamente a sua manutenção e restauração. A restauração está a cargo de Elsa Girão, a única técnica de restaura da instituição, que tem como funções a conservação, higienização e hidratação dos livros, de forma a evitar a sua degradação. O restauro de um livro pode custar entre os 500€ aos 5000€, dependendo da situação. Os casos de reparação mais complicados não são feitos em Coimbra, mas sim enviados para a Lisboa, para serem recuperados na Biblioteca Nacional ou no Arquivo da Torre do Tombo. São enviados cerca de 10 a 15 livros por ano, apesar de haver a necessidade de enviar mais, faltam os meios monetários. Os apoios financeiros para os restauros são na sua maioria apoios mecenáticos e doações que chegam através do projeto SOS Livro Antigo. José Augusto Bernardes, diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, solicita mais auxílio para a conservação e restauro das obras, referindo que até livros novos precisam de reparações se forem muito requisitados, e essas situações ficam muitas vezes postas de parte por haver uma maior preocupação e ser dada prioridade aos livros mais antigos, uma vez que há que ter uma contenção de gastos.
Uma interessante particularidade da Biblioteca Joanina é sem dúvida a colónia de morcegos que lá habita e protege os livros dos insetos bibliófilos desde o início da biblioteca, sendo uma importante arma da preservação das obras que como contrapartida requer apenas que as mesas da biblioteca sejam todas as noites cobertas por peles, de forma a serem protegidas dos dejetos dos morcegos. Esta peculiar forma de conservação dos livros não deixa de impressionar quem por lá passa.
Outros riscos para os livros, para além dos insetos, são os incêndios, as inundações, a humidade, as mudanças de temperatura e o manuseio.
Outros riscos para os livros, para além dos insetos, são os incêndios, as inundações, a humidade, as mudanças de temperatura e o manuseio.
A Biblioteca Joanina, que recebeu este nome por ter sido mandada erguer por D. João V, é um anexo da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, declarada Património Mundial pela UNESCO em 2013, é a mais rica biblioteca universitária do mundo, com um total de 2 milhões de livros, incluindo cerca de 55 mil obras publicadas entre o século XII e 1801, estando a maioria em latim.
A casa dourada, como também é conhecida, tem o privilégio de ter na sua coleção raridades como a primeira edição de “Os Lusíadas” e a “Bíblia Hebraica de Abravanel”, da qual só existem 20 exemplares no mundo inteiro.
Texto de Daniela Medeiros ( Aluna do 1º Ano do Curso CSC (2014/2015) da Universidade dos Açores)
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