segunda-feira, 29 de outubro de 2012
domingo, 21 de outubro de 2012
Em Outubro
« O mar sob a lua, um rasgão de prata nocturno coalhado de astros. Quando o olho do meu terraço na rua do Forte, o mar, não passa de uma superfície azul-chumbo, ou azul-etéreo, ou simplesmente não está ali. O mar é uma miragem azul que eu construo diariamente dentro de mim. O mar só existe quando o olho, de resto, só nos sonhos encontro o azul que dele se soltou.»
Al Berto.
Al Berto, Diários, Assírio & Alvim.
Al Berto.
Al Berto, Diários, Assírio & Alvim.
Lançamento previsto a 25 de Outubro, 2012.
Mazagran
«(…) um
gesto que, pelo simbolismo, estabeleça entre o livro e o leitor um primeiro
laço de simpatia. Esse gesto é aqui o título. Mazagran, palavra que outrossim
não se encontra no texto, designa uma bebida favorita no Maghreb: um copo
grande cheio até mais de um terço com café forte, um volume igual de água
gasosa, muito açúcar, uma rodela de limão. Quando o Profeta abranda a sua
vigilância junta-se-lhe um cálice de conhaque. Bebe-se quente no Inverno e
quase gelada nos dias de calor. A pequenos goles. Com aquela disposição benigna
do espírito que umas vezes nos leva à rua para cavaquear com os amigos, e
outras nos prende em casa a ler um livro.»
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Manuel António Pina 1943 - 2012
O Prémio Camões de 2011 faleceu esta
tarde. Tinha 69 anos.
Os Gatos
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos
Manuel António Pina, Como Se Desenha Uma Casa, Assírio & Alvim.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
À Espera de Moby Dick
«Um desgosto
avassalador leva um lisboeta a refugiar-se numa enseada perdida dos Açores para
cumprir um velho sonho: avistar baleias. Enquanto espera pela chegada dos
gigantes marinhos, ocupa os dias naquele lugar dominado pelo ruído do oceano a
tentar reencontrar-se e a escrever cartas para o seu melhor amigo, contando-lhe
o fio dos seus dias no exílio, mas também para destinatários tão improváveis
como o Instituto Nacional de Estatística, o boxeur português com mais derrotas
acumuladas ou um guru de auto-ajuda de sucesso planetário. À medida que o tempo
passa, consegue vencer a solidão absoluta que impôs a si próprio e estabelece
contacto com os seus poucos vizinhos, como um alemão bem-humorado, que todos os
dias sai sozinho para o mar, e um casal de reformados oriundo do continente,
que recebe cartas do filho dos mais variados lugares do mundo. Depressa
descobre que, naquela enseada, todos têm qualquer coisa a esconder e nada é
exactamente o que parece.»
À Espera de Moby Dick, Nuno Amado, Oficina do Livro.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Para Dias de Fel leia Mel.
“O fim de Outubro trouxe de volta o
rito anual de atrasar os relógios, adensando a escuridão que caía sobre as
nossas tardes e deprimido ainda mais a nação.”
Grã-Bretanha, 1972. Serena Frome, a
bela filha de um bispo anglicano, é aliciada para os Serviços Secretos no seu
ano final em Cambridge. A guerra fria cultural prossegue e o país é assolado
por convulsões sociais e actos de terrorismo.
Serena é então enviada numa «missão
secreta» que a faz imergir no mundo literário de Tom Haley, um jovem escritor
promissor.Ela começa por gostar das suas histórias, mas rapidamente passa a gostar do próprio homem que as escreve.
Conseguirá Serena manter a ficção da sua vida oculta?
Para isso, ela vai ter de ignorar a primeira regra do espião: Não confies em ninguém.
A mestria de Ian McEwan deslumbra-nos nesta história empolgante, soberbamente construída, sobre traição e intriga, amor e o «eu»inventado. Um autor que não cessa de surpreender pela elegância e destreza com que se movimenta em diferentes registos literários.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Anjo Esmeralda
"De um dos maiores
escritores do nosso tempo, a sua primeira coletânea de contos, escritos entre
os anos 1979 e 2011, histórias de três décadas da vida norte-americana.
Situadas na Grécia, nas Caraíbas, em Manhattan, numa prisão para criminosos de colarinho branco ou no espaço sideral, estas nove histórias são uma inolvidável introdução à voz icónica de Don DeLillo, desde os ricos e marcados ritmos jazzísticos dos seus primeiros escritos até à linguagem frugal, depurada e monástica das suas histórias mais recentes.
Freiras, astronautas, atletas, terroristas e viajantes, as personagens d'O anjo Esmeralda entram de moto próprio no mundo e definem-no. A voz de DeLillo é imediatamente reconhecível, tão original como as tintas espalhadas de Jackson Pollock ou os retângulos luminosos de Mark Rothko.
Estas nove histórias descrevem a extraordinária viagem de um grande escritor cuja premonição dos acontecimentos do mundo marcou a nossa paisagem literária."
Situadas na Grécia, nas Caraíbas, em Manhattan, numa prisão para criminosos de colarinho branco ou no espaço sideral, estas nove histórias são uma inolvidável introdução à voz icónica de Don DeLillo, desde os ricos e marcados ritmos jazzísticos dos seus primeiros escritos até à linguagem frugal, depurada e monástica das suas histórias mais recentes.
Freiras, astronautas, atletas, terroristas e viajantes, as personagens d'O anjo Esmeralda entram de moto próprio no mundo e definem-no. A voz de DeLillo é imediatamente reconhecível, tão original como as tintas espalhadas de Jackson Pollock ou os retângulos luminosos de Mark Rothko.
Estas nove histórias descrevem a extraordinária viagem de um grande escritor cuja premonição dos acontecimentos do mundo marcou a nossa paisagem literária."
Anjo Esmeralda, Don DeLillo, editora Sextante, 2012.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Mo Yan Prémio Nobel da Literatura 2012
Mo Yan,
escritor chinês, é o Prémio Nobel da Literatura 2012. Pela segunda vez o prémio
é atribuído à China, o primeiro foi Gao Xingjian, em 1940.
Mo Yan, nasceu
na província de Shandong, numa família de granjeiros. Deixou a escola durante a
Revolução Cultural para trabalhar numa fábrica de petróleo. Com 20 anos
alistou-se no Exército Popular de Libertação, as actuais forças armadas do seu
país, onde desempenhou um cargo de segurança e foi instrutor político de
propaganda, nessa época começou a escrever.
Mo Yan
considera que "um escritor deve
enterrar os seus pensamentos e transmiti-los através dos personagens dos seus
romances". O pseudónimo que criou significa, aliás, "não fales".
domingo, 7 de outubro de 2012
As Minhas Lembranças Observam-me
Tomas Tranströmer
«A minha vida.» Quando penso estas
palavras, vejo diante de mim um rasto de luz. Observando melhor, a luz tem a
forma de um cometa, com a cabeça e uma cauda.
A extremidade mais luminosa, a
cabeça, é a infância e a idade de crescimento. O núcleo, a parte mais densa, é a primeira
infância, quando são determinados os traços principais da nossa vida. Tento
recordar-me, então chegar lá.
As Minhas Lembranças Observam-me, Tomas Tranströmer
Posfácio de Pedro Mexia
Sextante Editora, 2012.
este agora
eleva-se como fumo quente em ar frioeste sereno agora
o cão abandonou o seu latido
a lebre abandonou a boca humanae toca sozinha
neste pobre e belo agora luta
contra a armada dos segundose se afoga num redemoinho
embora me vá sobreviver
Poema publicado na primavera de 1948,
no jornal dos estudantes do Liceu Sodra Latin, de Estocolmo, onde T.T. estudou.
Não há nem título nem qualquer pontuação neste poema.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Duas Margens nº 2: SolMar - Uma Livraria Especial na Ilha
Destaque para a entrevista a José Carlos Frias, livreiro (e
editor) da Livraria SolMar, em Ponta Delgada, aqui http://duasmargens.pt
"Os livros são quem mais ali ordena, claro: atraem leitores e
apelam à compra, mas são igualmente actores de lançamentos ou sessões de
autógrafos e dão corpo a uma atmosfera de tertúlia como já quase não existe em
mais nenhum lado. José Carlos Frias, livreiro e também editor, 45 anos, é a “alma”
da Livraria Solmar, um espaço acolhedor no centro de Ponta Delgada, ilha
açoriana de S. Miguel. Existe há mais de 20 anos e a data de abertura não foi
deixada ao acaso: 21 de Março de 1991, Dia Mundial da Poesia."
Carlos Pessoa
Duas Margens revista on line n.º 2, é um projecto de Vítor Quelhas, José Guardado Moreira e Carlos Pessoa. Revista literária, é um lugar de diálogo cultural lusófono e ibero-americano, entre autores, editores, críticos, livreiros, tradutores, ilustradores, e muitos mais, das duas margens do Atlântico.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
José Tolentino Mendonça Estação Central
ISTO É O MEU
CORPO
O corpo tem degraus, todos eles
inclinados
milhares de lembranças do que lhe aconteceutem filiação, geometria
um desabamento que começa do avesso
e formas que ninguém ouve
O corpo nunca é o mesmo
ainda quando se repete:de onde vem este braço que toca no outro,
de onde vêm estas pernas entrelaçadas
como alcanço este pé que coloco adiante?
aprendo a cair e a perguntar