domingo, 21 de junho de 2015

Joel Neto na Solmar dia 2 de Julho




«O Outono era, para muitos terceirenses, o tempo mais deprimente do ano. Os cagarros tinham partido, as vidas haviam voltado às suas rotinas e, ainda por cima, chovia. Naquele Novembro quase não choveu, e foi pior. O nevoeiro tomou conta da ilha logo no início do mês e, quando o povo levantou os olhos para descortinar ao menos o Natal, não viu mais nada senão aquela massa leitosa que parecia reduzir lugares, gentes e até vozes a uma mesma matéria sem sabor.»

«O narrador faz o que a boa ficção tem de fazer – com descrições e observações precisas imprime na nossa mente toda uma personalidade e vida interior dos seus personagens mais relevantes, em que até o seu cão de estimação se torna inesquecível, Papillon, pois claro, cuja missão principal é ficar ou fugir da prisão na companhia do seu dono, assim como faz, já agora, com o velho e hidráulico Citroen, que desde sempre lhe deram a alcunha de Boca de Sapo, carro herdado do avô..»

Vamberto Freitas sobre "Arquipélago" de Joel Neto